Da discoteca à new wave, as décadas de 70 e 80 foram marcadas por profundas transformações no mundo da música. Para melhor e para pior. A Festa Balonê, que rola dia 11 de julho na Magic, em Lajeado, é uma prova disso.
Quem não se lembra de John Travolta rebolando na pista de dança com trejeitos que, uma década antes, seriam considerados suspeitos demais? Ou da coreografia de Michael Jackson e os zumbis em Thriller, quando o rei da música pop ainda era negro? Valia de tudo. Menos homem com homem e mulher com mulher, como cantava Tim Maia – embora a regra fosse ignorada por alguns astros do período.
A música rolava em long plays de 78 rotações, que alguns poucos colecionadores insistem em manter vivos (logo seremos maioria!), e em fitas cassete (essas sim, devidamente aposentadas), que volta e meia enrolavam no cabeçote, para desespero de quem ainda nem sonhava com o MP3.
Na política tinha a Guerra Fria, que polarizou o mundo: de um lado, regimes sanguinários; de outro, mais sanguinários ainda. A diversão da garotada era jogar Genius e assistir Caverna do Dragão. As moças suspiravam pelos Menudos, enquanto Magda Cotrofe fazia a alegria da rapaziada na Playboy. A seleção teve Roberto Dinamite, Zico, Sócrates, Chulapa e Falcão, mas somente com Dunga, na década de 1990, sairíamos de um jejum de 24 anos.
Nenhuma destas categorias explica tão bem quanto a música a efervescência dos anos 70/80. Foram tantos movimentos que fica difícil enumerá-los. Começou com o rock progressivo, de canções longuíssimas e músicos saídos de conservatório. O punk e a moda do faça-você-mesmo democratizaram a música em 1977 – uma vez que bastava saber três acordes para tocar –, mas antes disso teve o glam rock e a discoteque. Esse último teve como principal expoente no Brasil o grupo As Frenéticas, trilha da novela Dancin’ Days.
Depois foi a vez do pós-punk, do gótico, do pós-gótico, do heavy metal e da new wave – que foi absoluta nos anos 80. Misturando tudo isso surgiu o Rock Brasil, alavancado por uma infinidade de bandas das quais nunca mais se teve notícia (só pra citar algumas: Dr. Silvana e Cia, Rádio Taxi, Tokyo, Gang 90, Hanói-Hanói, Sempre Livre). Outros tiveram melhor sorte e permaneceram na mídia, embora em alguns casos fosse melhor que isso não tivesse ocorrido.
Aí veio a modernidade e levou embora nossos sonhos. O iPod roubou o lugar do LP. O pluripartidarismo revelou-se uma decepção e a capa da Playboy é puro Photoshop! Na música, então, nem se fala. Hoje a moda é o pagode, o sertanejo universitário e o “rock” das boy bands saídas da Disney. Será que o mundo sente falta de John Travolta contorcendo-se como uma pomba-gira? Pior do que o funk carioca não pode ser.
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