31 de julho de 2008

Obamania musical

Muito mais do que um fenômeno político, Barack Obama é um ícone pop. A música Yes We Can, baseada em um discurso do candidato à Casa Branca, foi gravada por vários artistas e virou sucesso na net. Mas as raízes musicais do democrata vão muito além do que se imagina.

Em 1959, Stanley Ann Dunham, uma garota branca de 16 anos, resolveu assistir num cinema de Chicago ao filme Orfeu Negro, baseado em peça de Vinícius de Moraes. Os atores eram negros e a trilha sonora daria origem, pouco depois, à bossa nova brasileira. O estilo afro encantou Stanley de tal maneira que dois anos depois ela se casou com um queniano “negro como breu”. Os dois tiveram um filho. Seu nome é Barack Hussein Obama. Reportagem da Veja chegou a questionar, com razão: “Será que haveria Obama sem Vinícius?”

29 de julho de 2008

Jesus voltará

Quando Liam e Noel Gallagher eram apenas dois moleques brigões, outra dupla de irmãos mal-comportados chacoalhava a Grã-Bretanha. Os escoceses Jim e William Reid, do Jesus and Mary Chain, fizeram a cabeça dos alternativos nos anos 1980 ao misturar barulho e melodia em álbuns que entraram para as listas de melhores de todos os tempos. Depois de quase acabar (de novo!), a banda virá ao Brasil em novembro. Os britânicos estão entre as atrações do festival Planeta Terra, que ocorre no dia 8 em São Paulo.

Imprevisíveis, os irmãos Reid separaram-se em 1999 e voltaram no ano passado com um dos principais shows do Coachella, festival realizado na Califórnia. Na ocasião, o Jesus and Mary Chain tocou Just Like Honey, um dos seus hinos, acompanhado da atriz Scarlett Johanson. Pela segunda vez, Jim e William irão se apresentar no Brasil. A primeira ocorreu em 1990, também em São Paulo. E, para quem está com saudade da banda, as boas notícias não param por aí. Os escoceses trabalham para lançar em breve um novo álbum, o primeiro de inéditas após dez anos (Munki, o último disco de estúdio, foi lançado em 1998).

Novo disco
Ainda sem nome definido, o próximo álbum deverá conter algumas canções já conhecidas dos fãs, como All Thins Must Pass (tocada no programa do apresentador David Letterman) e Dead End Kids, executada em alguns shows. William Reid declarou recentemente que o trabalho soa como uma evolução. “Soa sem qualquer dúvida ao Mary Chain, mas penso que evoluímos enquanto pessoas e compositores”, acredita. “Não podemos ficar inertes. Se fizermos isso, estamos perdidos.”

Replay
No começo do ano, o Jesus and Mary Chain anunciou o lançamento de versões remasterizadas de cinco álbuns: Psychocandy, Darklands, Honey’s Dead, Automatic e Stoned and Dethroned. Os dois primeiros já podem ser encontrados em edições anteriores – e por um preço bem sugestivo. Ou seja, não há desculpa para não ouvi-los.

25 de julho de 2008

Mutação sem fim

Julho de 1968 foi um mês mágico para o rock brasileiro. O país, que passava por um momento de repressão política e efervescência intelectual, viu nascer a maior banda da sua história (e do mundo, por que não?). Foi quando Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias reiventaram a psicodelia com o seu disco de estréia, batizado apenas com o nome do grupo: Os Mutantes.

Abria com uma marcha de circo (Panis et Circenses, de Caetano e Gil), passava pelo samba-rock (Minha Menina, de Jorge Ben), pelo regionalismo (Adeus Maria Fulô, de Sivuca) e pela temática afro (Bat Macumba). A romântica Baby (outra de Caetano) ganhou arranjos psicodélicos, lambidas de sorvete e a irreverência que deu fama aos Mutantes. Gravado pela Polydor, o LP contou com a produção do maestro Rogério Duprat, o mago do movimento tropicalista.

Antes de cair na chatice do rock progressivo, na década de 1970, os irmãos Dias Baptista e Rita ainda lançariam outras pérolas, dentre as quais destacam-se Mutantes (1969) e A Divina Comédia...Ou Ando Meio Desligado (1970). Hoje a banda continua na ativa, mas com apenas um membro da formação original (Sérgio), o que tira o brilho conquistado pelo trio nos velhos tempos. Com os Mutantes é assim: você sente saudades, quarenta anos depois, de uma época que nunca viveu. E precisa ter vivido?

Os Mutantes - Panis et Circenses (ao vivo na TV Cultura em 1969)

21 de julho de 2008

Dica: Velvet ao vivo

Existe pelo menos um bom motivo para que os balzaquianos do rock decidam voltar à estrada anos após encerrar as atividades. Chama-se DVD. É grande o número de "dinossauros" da música que possuem pouco material registrado em vídeo. Quando voltam aos palcos, os velhinhos saciam os fãs com imagens ao vivo que poucos tiveram a oportunidade de conferir no passado. Foi assim com os Stooges, New York Dolls, Mutantes e, claro, Velvet Underground.

O show de reunião do Velvet foi gravado no ano de 1993, em Paris, mas o material só foi resgatado digitalmente em 2005, com o DVD Velvet Redux Live MCMXCIII. A formação original dos nova-iorquinos mostra no palco porque esta é uma das bandas mais influentes do mundo. Do punk de 1977 até o rock alternativo dos anos 1990, passando pelo pós-punk oitentista, todo mundo bebeu da fonte dos velvetianos. E quando John Cale, Lou Reed, Maureen Tucker e Sterling Morrison sobem ao palco, é fácil entender o porquê.

Juntas, a inspiração de Cale, a indiferença calculada de Reed e a timidez de Maureen e Morrison (quase um desconforto) produzem uma mágica que não se restringe a um punhado de hits ou um álbum clássico. É o jeito de fazer música introduzido no rock com o disco Velvet Underground and Nico, lançado no emblemático ano de 1967. E não faz mal que a célebre cantora alemã não integre mais a banda. Femme Fatale, que no debut do VU era cantada com a doçura angelical de Nico, desta vez ganha um tom mais grave com a interpretação arrasadora de John Cale. Definitivamente, o ponto alto deste DVD.
Aliás, com o figurino impecável e os mesmos cabelos revoltos de outrora, Cale é a estrela principal do show, seja tocando um violino estrategicamente desafinado, nos teclados ou no vocal (Femme Fatale e Waiting For the Man). Maureen, possivelmente a primeira mulher a tocar bateria em uma grande banda de rock, rouba a cena na singela I’m Sticking With You, quando até Morrison dá uma canja curtíssima nos vocais. Com o vocal falado de sempre, Lou Reed parecia mais preocupado com a sua carreira solo. Em Heroin, um símbolo da banda, o líder do VU ignora alguns versos. Ou seja, nada de novo nessa personalidade enigmática do rock.

São 90 minutos de genialidade, em que não há nem tempo de sentir falta de clássicos ausentes como Oh! Sweet Nuthin, Who Loves the Sun e After Hours. Talvez a única coisa errada com este DVD seja o penteado de Lou Reed. Como diz o próprio vocalista a certa altura do show, it’s good enough for rock and roll.

18 de julho de 2008

Diva mórbida

Amy Winehouse é mais do que uma grande cantora. Seu timbre sofisticado e a produção impecável de suas músicas fazem reviver a magia das grandes divas do soul (Aretha Franklin, Nina Simone, Diana Ross). Mas, como tudo na vida dessa cantora inglesa de 24 anos é intenso, sua escalada auto-destrutiva leva-a cada vez mais ao fundo de um poço sem saída. Se continuar abusando do álcool e das drogas, o álbum Back to Black (2006) poderá ter sido a sua última grande apresentação.

É no fim breve da inglesinha que apostam os visitantes do site http://www.whenwillamywinehousedie.com/ (em tradução literal, quando Amy Wihenouse vai morrer?). Para participar, basta responder hora, dia, mês e ano em que a cantora vai bater as botas e enviar uma mensagem de pré-condolência. Quem acertar, segundo o site, ganha um iPod Touch. Uma lamentável morte prematura não é difícil de prever, haja vista seu comportamento recente. Usuária de drogas pesadas e de destilados, Amy tem feito fiasco nos palcos por onde passa. É comum vê-la esquecer músicas ou com dificuldades para manter-se em pé. Veja a seguir alguns momentos desconcertantes de Amy.








17 de julho de 2008

MGMT: retrô moderninho

Os moderninhos do MGMT (sigla para Management) formam a "melhor banda dos últimos tempos da última semana". Se o super badalado duo norte-americano vai vingar, é outra história. Mas o clipe viajandão, meio História Sem Fim, de Time to Pretend é uma das coisas mais insanas e legais já gravadas. Os universitários Ben Goldwasser e Andrew VanWyngarden, oriundos do Brookynm soam modernos, sem tirar o pé do status retrô. Com pitadas de eletropop, glam, space rock, folk e psicodelia sessentista, o MGMT foi uma das bandas que mais ousou na cena musical atual, fugiu do dèjá-vu sonoro que tomou conta das novas bandas e produziu um dos melhores álbuns do ano. Confira:

Time to Pretend (ao vivo no programa Jools Holand)

15 de julho de 2008

Quando NY era rock

Houve uma época em que Nova York produzia bandas com qualidade. Ok, substitua “qualidade” por “criatividade”. Acrescente batom, salto alto e riffs matadores e você terá a banda mais rock and roll da era glam, o New York Dolls. A trupe de marmanjos que aparecia vestida de mulher na capa do LP pretendia impressionar, mas muito melhor que o figurino era o som do primeiro álbum da banda. Lançado em 1973, New York Dolls soou como um precursor do punk numa época em que grandes bandas de rock eram provenientes de conservatórios musicais.

Dilacerado pelas drogas, o New York Dolls perdeu vários de seus integrantes por overdose, incluindo o lendário Johnny Thunders. Isso não impediu que em 2006 as moçoilas voltassem a gravar. O álbum One Day It Will Please Us To Remember Even This, lançado no ano retrasado, pode até apresentar o grupo aos fãs de Green Day e Simple Plan, mas o filé mignon está mesmo no debut dos nova-iorquinos. A fórmula foi insuperável até mesmo para os próprios Dolls, que em 1974 lançariam o irregular Too Much Too Soon. Ainda era o NYD, mas o brilho da estréia jamais seria repetido novamente.

Pular em cima da cama tocando air guitar ao som de uma música como “Personality Crisis” é o ideal de felicidade de qualquer garoto com menos de 15 anos. Experimente e você irá se sentir como os personagens do filme Quando Mais Idiota Melhor ao ouvir “Bohemian Rapsody”, do Queen. A faixa que abre o disco de estréia dos Dolls é uma verdadeira festa de 3 minutos e 40 segundos! Seguem a arrasadora “Looking For a Kiss” e a provocativa “Vietnamese Baby”. E, completo como todo clássico do rock, NYD tem uma balada para tocar ao violão, “Lonely Planet Boy”. “Trash” é punk muito antes que qualquer moicano aprendesse o terceiro acorde. E “Jet Boy”, um hino alternativo da capital do mundo.

New York Dolls alcançou a 213ª posição na lista de 500 melhores discos da história da revista Rolling Stone (a americana), divulgada em 2003. Após o rompimento, em 1977, a banda viria a se reunir em 2004 (empurrada pelo fã Morrisey), com apenas três de seus integrantes originais. Um deles, o baixista Arthur Kane, morreu no ano da reunião, vítima de leucemia, restando o vocalista David Johansen e o guitarrista Sylvain Sylvain.

Mas a alma do New York Dolls sempre foi Johnny Thunders, a quem o punk rock deve muito. A paternidade do movimento costuma ser dada sem questionamentos a Iggy Pop e os Stooges, mas era o guitarrista do NYD que fazia a cabeça de dois moleques ingleses chamados Stephen Jones e John Lydon, que buscariam copiar o som de Thunders para a banda que estavam formando. O resto da história você já sabe.

11 de julho de 2008

Os melhores, segundo o blog

Segue abaixo os melhores segundo este blog. Altamente recomendável!

1 - Grandaddy - The Sopthware Slump (foto)

2 - Radiohead - Kid A

3 - The Shins - Oh! Inverted World

4 - Elliot Smith - Figure 8

5 - Arctic Monkeys - Whatever people...

6 - Arcade Fire - Neon Bible

7 - Strokes - Is This It?

8 - Daft Punk - Discovery

9 - Los Hermanos - Ventura

10 - Amy Winehouse - Back to Black

Os melhores do século XXI

A lista de melhores discos do milênio preparada pelo site Gigwise é óbvia em vários momentos - menos na primeira posição. Relationship of Command (foto), da já esquecida banda At the Drive-In, é próximo de mediano. Não vai mudar a sua vida, mas valhe a pena ler. Confira os 100 álbuns e tire suas próprias conclusões:

1. At the Drive-In - Relationship of Command, 2. The Strokes - Is This It, 30. Arcade Fire - Funeral, 4. The Knife - Silent Shout, 5. Jay-Z - The Blueprint, 6. Primal Scream - XTRMNTR, 7. Radiohead - Kid A, 8. The Flaming Lips - Yoshimi Battles the Pink Robots, 9. Queens of the Stone Age - Rated R, 10. Dizzee Rascal - Boy in Da Corner, 11. The Avalanches - Since I Left You, 12. PJ Harvey - Stories from the City, Stories from the Sea, 13. Arctic Monkeys - Whatever People Say I Am, That's What I'm Not, 14. LCD Soundsystem - LCD Soundsystem, 15. The Libertines - Up the Bracket, 16. Eminem - The Marshall Mathers LP, 17. Grandaddy - The Sophtware Slump, 18. Sigur Rós - Takk, 19. Yeah Yeah Yeahs - Fever To Tell, 20. TV on the Radio - Return To Cookie Mountain, 21. Muse - Black Holes and Revelations, 22. The White Stripes - White Blood Cells, 23. Franz Ferdinand - Franz Ferdinand, 24. Radiohead - In Rainbows, 25. Daft Punk - Discovery, 26. M.I.A. - Arular, 27. Midlake - The Trials of Von Occupanther, 28. Bloc Party - Silent Alarm, 29. Sufjan Stevens - (Come On Feel the) Illinoise, 30. Interpol - Turn on the Bright Lights, 31. Outkast - Stankonia, 32. . And You Will Know Us by the Trail of Dead - Madonna, 33. Godspeed You Black Emperor - Lift Your Skinny Fists Like Antennas to Heaven, 34. Hot Chip - The Warning, 35. Aphex Twin - Drukqs, 36. Roots Manuva - Run Come Save Me, 37. The Rapture - Echoes, 38. The Streets - Original Pirate Material, 39. Thom Yorke - The Eraser, 40. Boards of Canada - Geogaddi, 41. Gorillaz - Demon Days, 42. Les Savy Fav - Go Forth, 43. Amy Winehouse - Back to Black, 44. Kings of Leon - Because of the Times, 45. Björk - Vespertine, 46. Arcade Fire - Neon Bible, 47. The National - Boxer, 48. Wilco - Yankee Hotel Foxtrot, 49. Badly Drawn Boy - The Hour of the Bewilderbeast, 50. M.I.A - Kala, 51. Vitalic - OK Cowboy, 52. The Shins - Wincing the Night Away, 53. Beck - Guero, 54. Holy Fuck - LP, 55. Johnny Cash - American IV - The Man Comes Around, 56. Battles - Mirrored, 57. Spiritualized - Let It Come Down, 58. The National - Alligator, 59. Jamie T - Panic Prevention, 60. Doves - Lost Souls, 61. The Decemberists - The Crane Wife, 62. Elliott Smith - Figure 8, 63. Broken Social Scene - Broken Social Scene, 64. Antony and the Johnsons - I Am a Bird Now, 65. Beirut - Gulag Orkestra, 66. Mogwai - Rock Action, 67. Super Furry Animals - Mwng, 68. Elbow - Cast of Thousands, 69. Bat for Lashes - Fur and Gold, 70. Kings of Leon - Youth and Young Manhood, 71. Danger Mouse - The Grey Album, 72. Maxïmo Park - A Certain Trigger, 73. The Futureheads - The Futureheads, 74. Deerhoof - The Runners Four, 75. Sigur Rós - ( ), 76. Squarepusher - Go Plastic, 77. The Shins - Chutes Too Narrow, 78. Nathan Fake - Drowning In a Sea Of Love, 79. Sonic Youth - Murray Street, 80. Kanye West - The College Dropout, 81. Lambchop - Nixon, 82. Jarvis Cocker - Jarvis, 83. Lift to Experience - The Texas-Jerusalem Crossroads, 84. Joanna Newsom - Ys, 85. Tool - Lateralus, 86. Ryan Adams - Gold, 87. Fischerspooner - #1, 88. Coldplay - Parachutes, 89. The Magnetic Fields - 69 Love Songs, 90. The Hold Steady - Boys and Girls in America, 91. The Cribs - New Fellas, 92. Klaxons - Myths of the Near Future, 93. Belle and Sebastian - The Life Pursuit, 94. Underworld - Oblivion with Bells, 95. Jamie Lidell - Multiply, 96. Radiohead - Hail To the Thief, 97. Slipknot - Volume 3: The Subliminal Verses, 98. Eels - Blinking Lights and Other Revelations, 99. Trentemoller - The Last Resort, 100. Liars - Drum's Not Dead

10 de julho de 2008

"Pós-panki" de protesto

Surgida na década de 1990, numa oficina de aparelhos eletrônicos, a gatorra se transformou no que há de mais hype na música atual. O instrumento é uma mistura de bateria eletrônica e sintetizador em formato de guitarra, que já foi requisitado por bandas como Cansei de Ser Sexy e Franz Ferdinand. O responsável pela engenhoca é o técnico de som Antônio Carlos Corrêa de Moura, 55 anos, natural de Esteio (RS), que atende pelo nome de Tony da Gatorra.

Em 2005, Tony lançou o CD Só Protesto. Sua música, que ele define como “‘pós panki’ de protesto”, contém mensagens de apoio aos sem-terra e contra a violência. “Nós somos cúmplices”, canta em “Assassino”. "A droga que mais mata no Brasil é a fome, presidente", segue em "Droga Fatal". "O resto é opção", conclui. Em entrevista por e-mail, Tony conta que, muito mais que um instrumento exótico, a gatorra é uma ferramenta de manifestação das massas. Só ouvindo para crer!

Como surgiu a gatorra?
Ela começou com a vontade de dizer o que milhões de brasileiros gostariam de falar, que os políticos no Brasil não passam de mercenários, oportunistas e covardes.

Como você classifica ou seu estilo musical?
Meu estilo musical é “pós panki”.

Quando começou a fazer música?
A gatorra começou em 1996. Mas as músicas começaram em 1998.

Para ouvir o Tony e sua gatorra, acesse http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=16832

7 de julho de 2008

Da transcendência ao pop

Se houvesse um túnel entre materialismo e abstração, realidade e transcendência, seu nome seria Spiritualized. Com ecos de psicodelia e space rock, a banda inglesa foi a responsável por um dos mais belos discos da década passada, Ladies and Gentleman we are Floating on Space. Mais do que música “para ficar chapado”, ele criou um conceito transcendental de música em pleno declínio do britpop. A fórmula viria a ser repetida no ótimo Let It Come Down, de 2001, mas foi largada de mão no mais recente lançamento, Songs in A&E. Daí a resistência dos fãs, ansiosos após um jejum de cinco anos – desde Amazing Grace, de 2003.

A despretensão nunca esteve entre as qualidades de Jason Pierce. O homem à frente do Spiritualized sempre tentou soar messiânico e definitivo, como se cada música fosse a última do mundo. Vinha tendo êxito até então. Não que Songs in A&E seja um disco ruim – longe disso! Mas a pretensão de Pierce agora parece ser outra. No single Soul on Fire fica evidente sua busca pelo pop radiofônico. Bela e acústica, com refrão vibrante, a canção pode render novos ouvintes, mas desagrada quem acompanha o Spiritualized há mais tempo.

O violão volta a dar o tom em I Gotta Fire e na bonita Sitting on Fire, em que Pierce canta com uma preguiça comovente. O riff único de Yeah Yeah evoca Primal Scream e a fúria de You Lie You Cheat é o momento mais rock and roll. Ao todo são 12 faixas, além de seis vinhetas. O nome do álbum, que significa Songs in Accident and Emergency, não é por acaso. Jason Pierce passou boa parte dos últimos meses no hospital devido a uma pneumonia. Diferente de Ladies and Gentleman..., considerado o melhor álbum de 1997 pela NME, esse disco não deverá fazer o mesmo alarde. Mesmo assim, a doença de Pierce rendeu um punhado de belas canções.

4 de julho de 2008

Jupiter Maçã Show

"Meu adorável amigo Thunderbird, o senhor costuma andar armado?" "Ultimamente só charutos." Bem-vindos ao programa mais psicodélico da televisão brasileira. Lançado pelo MTV Overdrive, o talk show de Júpiter Maçã, que leva o nome do músico gaúcho, conta com convidados tão malucos quando ele. A primeira temporada tem o ex-VJ Thundebird, o músico Rogério Skylab e a escritora Clarah Averbuck. Impagável! Confira um trecho da pérola:

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