30 de junho de 2009

Feitoria prepara segundo CD

A Feitoria trabalha desde o começo do ano na preparação do seu segundo CD. Depois do sucesso do primeiro trabalho (2005), com músicas sendo tocadas em rádios de todo o Rio Grande do Sul, a banda de Lajeado - que passou por algumas reformulações - vem com um som mais dançante e ao mesmo tempo pesado, incorporando cada vez mais as guitarras distorcidas à sua sonoridade.

Com composições feitas pelo guitarrista Vini Escobar, por colaboradores como Jorge Carente, Branco Oliveira, Alex Braga e Felipe de Quadro, além da primeira composição de Max Lima feita para a banda, a Feitoria, mais amadurecida musicalmente, traz músicas consistentes, uma sonoridade mais moderna e grooves marcantes.

Há exemplo do que se viu em Lutando pra viver, Olha o Guarda e Latir do Cão do primeiro CD, as letras de protesto estarão presentes nesse novo disco. Desigualdades sociais, questões políticas, hipocrisia e a esperança de uma mudança estão presentes nas letras de músicas como Mundo Bom e Pão e Circo. Somadas a isso vem a irreverente Praia do Rosa, uma balada especial e uma regravação surpresa.

O trabalho está sendo gravado em Lajeado, no estúdio da Top Records, que pertence ao guitarrista Max Lima. Segundo a banda, isso facilita muito na elaboração dos arranjos e na busca dos timbres que a Feitoria pretende apresentar. “As letras ou ideias iniciais surgem e a banda faz questão de debater e definir as músicas com todos os seus integrantes”, conta Max.

O CD chega às lojas no final do ano, mas Praia do Rosa já está disponível para download no site. Agora é a vez da música Menino Acorrentado entrar na programação - com letra de Felipe de Quadro, que mesmo não integrando mais a Feitoria continua na Banda “de coração”. O som conta ainda com as participações especiais de Tonho Crocco nos vocais e DJ Anderson nas pickup’s.

29 de junho de 2009

Móveis sob medida

Não é de hoje que o ska fornece algumas das bandas mais consistentes da música independente nacional. Entre os principais nomes desta cena está um grupo brasiliense que cada vez mais ignora a barreira entre underground e popular. Com formação gigante – são nove músicos, a exemplo das grandes bandas do gênero –, o Móveis Coloniais de Acaju revela em C_mpl_t_ todo o seu potencial para o pop.

O novo álbum, segundo da banda, acaba de ser lançado pela Trama. As doze faixas estão disponíveis para download gratuito no site da gravadora. Embora a veia jamaicana sobressaia-se com instrumentos de sopro em profusão, rotular o disco é uma missão impossível. Ora aparecem guitarras indie (O Tempo), ora refrões explosivos (Descomplica), pra depois retornar à origem, ou seja, o reggae acelerado e irreverente (Indiferença, Café Com Leite, Pra Manter).

Desde que despontou no cena musical de Brasília, em 2002, o Móveis não soava tão pop quanto nas primeiras faixas de C_mpl_t_ (Adeus, Cheia de Manha), o que não impede o grupo de criar uma obra original. Segundo o baixista Fábio Pedroza, o grande desafio neste trabalho foi deixar clara a identidade sonora do grupo, no sentido de criar músicas e composições ainda mais autorais. Missão cumprida.

*Para baixar o álbum, basta acessar este site e fazer um cadastro gratuito

28 de junho de 2009

Elvis é country

Elvis voltou a Nashville para gravar um disco inspirado na música de raiz norte-americana. Não se trata do Rei do Rock – óbvio –, mas do seu xará inglês. Aos 54 anos, Elvis Costello acaba de lançar Secret, Profane and Sugarcane, totalmente influenciado pelo blues e pelo country.

Para quem já foi da new wave ao jazz, gravar um disco conceitual não é novidade. Almost Blue, lançado em 1981 com os The Attractions, havia resgatado composições antigas de Hank Williams e Gram Parsons, entre outros mestres do country. Desta vez, Costello apresenta dez músicas inéditas cercado de músicos do gênero, com quem recria o clima bluegrass da primeira metade do século passado – numa fronteira musical entre Tennessee e Mississipi.

O engraçado é que o responsável por isto seja um inglês. Com Secret, Profane and Sugarcane Costello parece seguir o exemplo de Bob Dylan e Iggy Pop, que trocaram as guitarras por um clima intimista em seus últimos trabalhos. Não há sequer uma bateria, apenas violão, bandolim e contrabaixo, que ganham eventual companhia da rabeca e do acordeão.

Admirador confesso de Johnny Cash, o compositor criou algumas pérolas que cairiam bem na voz do Homem de Preto. A vibrante She Was No Good, um dos destaques do álbum, é uma delas. Costello é um dos últimos artistas do rock clássico que ainda tem algo a dizer. E, ao que parece, vai continuar assim por muito tempo.

27 de junho de 2009

Público lamenta morte precoce

Ariberto Meneghini (49) tinha 14 anos quando comprou o primeiro LP do Jackson Five. Por muito tempo essa foi a trilha sonora das reuniões dançantes que ele, hoje empresário em Cruzeiro do Sul, promovia. “Nas músicas mais lentas tirávamos as moças para dançar”, recorda.

A admiração por Michael Jackson, surgida na juventude, acompanha Meneghini até hoje. Para ele, o músico falecido quinta-feira foi insuperável em sua época. “Ele revolucionou a dança. Misturou o funk com o pop, não ficou em cima de um ritmo só”, define. Na década de 1980, inclusive, tentava imitar os passos do moonwalk - dança criada por Jackson. “Para a gente era um fascínio”, descreve. Tanto que, até hoje, Meneghini prefere assistir aos clipes do que ouvir as músicas.

“Era estranho aquele cara fazendo aqueles movimentos, arrastando os pés com uma caminhada estranha”, relata o radialista Jair Pedrebon, da Sorriso FM, apresentador do programa Túnel do Tempo. Para ele, trata-se de um dos artistas mais influentes dos últimos tempos. “Vai fazer muita falta. Ele se superava a cada ano, era a obsessão dele”, observa.

Pedrebon acredita que a morte precoce pode transformar o cantor em um mito. “Assim que morre um ídolo, sempre tem alguém que vai querer imitá-lo.” O único erro de Jackson, segundo o comunicador, foi ter sido “racista com ele mesmo”.

*Publicado no Informativo

De vota aos anos 70/80

Da discoteca à new wave, as décadas de 70 e 80 foram marcadas por profundas transformações no mundo da música. Para melhor e para pior. A Festa Balonê, que rola dia 11 de julho na Magic, em Lajeado, é uma prova disso.

Quem não se lembra de John Travolta rebolando na pista de dança com trejeitos que, uma década antes, seriam considerados suspeitos demais? Ou da coreografia de Michael Jackson e os zumbis em Thriller, quando o rei da música pop ainda era negro? Valia de tudo. Menos homem com homem e mulher com mulher, como cantava Tim Maia – embora a regra fosse ignorada por alguns astros do período.

A música rolava em long plays de 78 rotações, que alguns poucos colecionadores insistem em manter vivos (logo seremos maioria!), e em fitas cassete (essas sim, devidamente aposentadas), que volta e meia enrolavam no cabeçote, para desespero de quem ainda nem sonhava com o MP3.

Na política tinha a Guerra Fria, que polarizou o mundo: de um lado, regimes sanguinários; de outro, mais sanguinários ainda. A diversão da garotada era jogar Genius e assistir Caverna do Dragão. As moças suspiravam pelos Menudos, enquanto Magda Cotrofe fazia a alegria da rapaziada na Playboy. A seleção teve Roberto Dinamite, Zico, Sócrates, Chulapa e Falcão, mas somente com Dunga, na década de 1990, sairíamos de um jejum de 24 anos.

Nenhuma destas categorias explica tão bem quanto a música a efervescência dos anos 70/80. Foram tantos movimentos que fica difícil enumerá-los. Começou com o rock progressivo, de canções longuíssimas e músicos saídos de conservatório. O punk e a moda do faça-você-mesmo democratizaram a música em 1977 – uma vez que bastava saber três acordes para tocar –, mas antes disso teve o glam rock e a discoteque. Esse último teve como principal expoente no Brasil o grupo As Frenéticas, trilha da novela Dancin’ Days.

Depois foi a vez do pós-punk, do gótico, do pós-gótico, do heavy metal e da new wave – que foi absoluta nos anos 80. Misturando tudo isso surgiu o Rock Brasil, alavancado por uma infinidade de bandas das quais nunca mais se teve notícia (só pra citar algumas: Dr. Silvana e Cia, Rádio Taxi, Tokyo, Gang 90, Hanói-Hanói, Sempre Livre). Outros tiveram melhor sorte e permaneceram na mídia, embora em alguns casos fosse melhor que isso não tivesse ocorrido.

Aí veio a modernidade e levou embora nossos sonhos. O iPod roubou o lugar do LP. O pluripartidarismo revelou-se uma decepção e a capa da Playboy é puro Photoshop! Na música, então, nem se fala. Hoje a moda é o pagode, o sertanejo universitário e o “rock” das boy bands saídas da Disney. Será que o mundo sente falta de John Travolta contorcendo-se como uma pomba-gira? Pior do que o funk carioca não pode ser.

26 de junho de 2009

Psicodelia canina

Quem se acostumou aos riffs vibrantes e vocais gritados vai estranhar as referências psicodélicas e orientais de Cinema. O novo álbum da Cachorro Grande está para a banda gaúcha assim como Revolver esteve para os Beatles – guardadas as devidas proporções, claro.

A sonoplastia e os efeitos sonoros, em parte inspirados pela sétima arte, como o título sugere, demonstram uma evolução. Em vez de virar refém de um formato único, o iê-iê-iê sessentista, o quinteto abriu as portas para o rock psicodélico – o que já havia feito em menor grau no seu trabalho anterior, com pitadas de madchester. Assim como o clássico beatleniano de 1966, trata-se de um disco mais difícil de digerir do que os anteriores, mas com um acabamento irresistível.

A influência cinematográfica não está restrita ao nome do CD. Algumas letras foram inspiradas em filmes antigos, segundo a banda. O clima vintage esteve presente na produção do álbum, já que o disco foi gravado em rolo analógico de duas polegadas. Apesar disso, a banda também tira proveito da tecnologia. Cinema, quinto disco da Cachorro Grande, foi lançado primeiro no MySpace.

25 de junho de 2009

1958-2009

Para quem tem mais de 20 anos ele era onipresente. Estava nas telas de cinema, no copo de refrigerante, no videogame. Fez parte da vida de muita gente, mesmo de quem não era seu fã - como eu.

A música pop moderna divide-se entre antes e depois de Michael Jackson. Os clipes superproduzidos de hoje não existiriam sem o músico americano, que trocou os vídeos promocionais por verdadeiros curta-metragens musicais. Os astros da música negra atual nada mais são que uma imitação do Rei do Pop.

Subir o morro Dona Marta, então dominado pelos traficantes, para cantar uma música chamada Eles não se Importam Conosco (They Don’t Care About Us) não é para qualquer um. Muitos podem pensar que foi puro marketing. Mas quem esteve no topo não precisava.

A melhor forma de avaliar o legado de um artista é julgar não os fatos obscuros de sua vida pessoal - nem sempre comprovados -, mas a grandiosidade de sua obra. E nisso Michael Jackson foi incomparável.

18 de junho de 2009

Vida pós-Legião

Na Legião Urbana, Dado Villa-lobos foi um músico discreto. Continua assim em sua carreira-solo. Se no primeiro caso o guitarrista estava à sombra de Renato Russo, no segundo o culpado é ele próprio. Jardim de Cactus, seu segundo álbum, foi lançado sem alarde com algumas belas canções – e outras sofríveis.

As músicas foram gravadas entre 2000 e 2004, via MTV. Na maior parte das composições, prevalece o clima melancólico – provável influência de sua antiga banda. Algumas se destacam: a balada Dias e inspirada Natureza são os maiores exemplos. Há também um cover bacana dos gaúchos Os The Darma Lóvers (Diamante). Mas quando tenta fazer música “de protesto” acompanhado de Fausto Fawcett (Faveloura Lov), fica abaixo da média.

O vocal tímido de Dado lembra a voz de outro ex-legionário, o baterista Marcelo Bonfá. Esse, ao contrário do guitarrista, obteve certo sucesso após a morte de Renato Russo, em 1996, com o álbum O Barco Além do Sol (2000). Tanto um como o outro, porém, parecem satisfeitos com a pouca badalação sobre suas carreiras pós-Legião.

Ouça Dado Villa-Lobos aqui

17 de junho de 2009

Tremendão guitarreiro

Ninguém entende do assunto tanto quanto ele no Brasil. Por isto o nome de Rock’n’ Roll, que para os outros seria pretensão, cai bem ao novo trabalho de Erasmo Carlos. Na contramão dos seus contemporâneos, o Tremendão comemora 49 anos de carreira - um a menos que Roberto - abrindo mão do eterno revival com um álbum de 12 faixas inéditas, todas disponibilizadas na internet.

As intenções de Erasmo, explícitas no título, ficam claras logo aos primeiros acordes. Liminha pilota uma guitarra no talo como há muito tempo não se ouvia num disco do cantor. Nada que se compare a Carlos, Erasmo (1971), Projeto Salva Terra (1974) e Banda dos Contentes (1976), pontos altos de uma carreira frequentemente subestimada. Mas ainda um sinal de que o compositor não esgotou sua capacidade.

Na era das mulheres fruta, Erasmo compara o sexo oposto com uma guitarra (A Guitarra é uma Mulher). Em tom confessional (Vozes da Solidão), canta o vazio deixado pela morte da esposa Narinha. Há espaço até para o ativismo ecológico, moda entre alguns roqueiros da sua época, porém sem pieguice (Mar Vermelho). E uma lista enorme de musas, embalada por uma melodia irresistível (Olhos de Mangá).

Rock’n’ Roll foi composto por Erasmo na companhia de alguns parceiros novos e outros nem tanto (Nelson Motta, Nando Reis e Chico Amaral). Nem sinal do coautor de sua quase toda sua discografia – o Rei –, com quem o Tremendão pouco tem conversado nos últimos anos. No próximo encontro, quem sabe, ele convença Roberto a cair no rock novamente.

Ouça Rock'n' Roll aqui

16 de junho de 2009

Baú do Leituras: Sly and the Family Stone

No auge do flower power, uma família vinda de San Francisco injetou groove na lisergia dos anos 1960. Até hoje, Sly and the Family Stone é sinônimo de soul psicodélico. O funk de Sylvester "Sly" Stewart e companhia , surgido na virada dos anos 1970, continua inspirando gente como Red Hot Cilli Peppers e Black Eyed Peyes. Não é exagero afirmar que o Jackson Five - e por consequência, Michael Jackson - não existiria sem a influência deste supergrupo.

Entre 1967 e 1975, a banda teve um papel fundamental na popularização da soul music e do funk. Liderada pelo cantor, compositor, produtor musica e multi-instrumentista Sly Stone, e formado por diversos membros de sua família e amigos, foi o primeiro grupo dos Estados Unidos a ter uma formação multicultural, dando a negros, brancos, homens e mulheres papéis importantes na sua instrumentação.

Exemplo do ecletismo cultural da banda foi a sua participação no festival de Woodstock, em 1969, como um representante do soul em meio a uma multidão de roqueiros. Após algumas turnês de reuniões, o grupo está desativado.

11 de junho de 2009

Promoção Nei Lisboa

Vencedores da promoção Nei Lisboa

- André Oliveski
- Carolina Leipnitz
- Marizete Fachini

Parabéns!

10 de junho de 2009

Farto do rock and roll

Do homem que é considerado o avô do punk podia se esperar tudo, menos um disco de jazz. Pois foi exatamente o que Iggy Pop fez. Com influências de Louis Armstrong e Jelly Roll Morton, acaba de chegar às lojas o álbum Preliminaires – uma prova de que o músico é mesmo imprevisível.

No ano em que o debut dos Stooges – banda seminal comandada por Iggy – completa quatro décadas, o cantor mesclou o jazz com a inspiração literária. A Possibilidade de uma Ilha, obra de Michel Houellebecq, é o seu livro de cabeceira do momento. “Na minha mente, estas seriam as músicas que ouço em minha alma quando leio o livro”, justificou o vocalista, que tem 62 anos.

O precursor do punk disse estar “enjoado de ouvir idiotas com guitarras, tocando lixo musical”. Será que estava referindo-se ao último álbum dos Stooges? É possível, já que The Weirdness, lançado em 2007, é apenas uma caricatura de uma das grandes bandas do rock.

8 de junho de 2009

Metallica no Brasil em 2010

A assessoria de imprensa da Universal Music divulgou comunicado anunciando a vinda do Metallica ao Brasil em janeiro. As datas não foram confirmadas, mas rumores de uma turnê da banda pela América Latina já haviam sido noticiados.

O grupo comemora as vendas de Death Magnetic, que acaba de ultrapassar 30 mil cópias no Brasil. O álbum foi lançado em 2008 em clima de volta às origens. Elogiado por público e crítica, apresenta uma sonoridade mais próxima de sua produção pré-black album.

O Metallica já esteve no Brasil em 1989, 1993 e 1999. Em 2003, os shows marcados para São Paulo e Rio de Janeiro foram cancelados por suposto esgotamento físico dos seus integrantes. Nesta semana, o grupo grava um DVD na Cidade do México.

7 de junho de 2009

Muito mais que musa

Foi no apartamento de Nara Leão, em Copacabana, que surgiram os primeiros e complexos acordes da bossa nova. Cercada por gente como Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra, a cantora ganhou a alcunha de musa do movimento que acabava de surgir – embora tenha sido muito mais do que isto.

Na voz doce e melancólica de Nara o samba do morro ganhou destaque e foi popularizado no “asfalto”, resgatando compositores como Cartola e Zé Keti. Este último participou com ela do espetáculo Opinião, em 1964, que criticava a repressão do regime militar. Gravou, em interpretações inesquecíveis, algumas das primeiras canções de um jovem compositor chamado Chico Buarque de Hollanda. Aderiu, ainda, ao movimento tropicalista, tendo participado do disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circenses.

Chamar de musa da bossa nova a cantora que morreu há exatos 20 anos, em decorrência de um tumor, pode dar uma ideia errada sobre uma carreira tão diversificada quanto brilhante. Para registrar cada faceta da artista o jornalista Cássio Cavalcante passou oito anos recolhendo material para A Musa dos Trópicos, biografia lançada pela Companhia Editora de Pernambuco.

Para o autor, Nara “foi a primeira cantora branca carioca a revalorizar o samba de morro, sendo o porta-voz dos intelectuais quando se tornou uma cantora de protesto, que não se calou diante da ditadura militar”. Como ela, não houve mais ninguém.

6 de junho de 2009

Promoção Nei Lisboa

Quer assistir ao Nei Lisboa de graça? Então mande seu nome, cidade e telefone para o e-mail danton@informativo.com.br ou ligue para 3726-6741. Três ingressos serão sorteados para a apresentação do dia 13, no Galpão Acústico, em Bom Retiro do Sul. O nome dos vencedores será publicado neste blog na quinta-feira, dia 11, e no jornal O Informativo do Vale no dia do show.

Nei Lisboa, que comemora 30 anos de carreira, apresenta em Bom Retiro do Sul canções do seu último trabalho, Translucidação, e músicas antigas, como Pra Te Lembrar, Telhados de Paris e Faxineira.

5 de junho de 2009

Modernizando o passado

Muitos nem consideram mais o Green Day uma banda de punk rock. Afinal, o sucesso alcançado com os hits de American Idiot (2004) deram ao trio uma projeção no mainstream que nenhum artista do gênero jamais teve. Pois quem acusa-os de trair o movimento vai ficar sem discurso ao ouvir 21st Century Breakdown, oitavo álbum do grupo liderado por Billie Joe Armstrong.

O novo CD segue a linha ópera-rock do seu antecessor, embora com mais peso. São 18 faixas, divididas em três atos, em que prevalece um punk certeiro e elaborado de forma conceitual. O enredo gira em torno de um casal de jovens, Christian e Glória, e suas aflições em meio ao “colapso do século XXI” (título do álbum) – sem esquecer a crítica à herança deixada por Bush.

Mesmo quando a introdução sugere uma balada, com um piano ou dedilhado de violão, a música explode em refrões que farão balançar muitas cabeças. A faixa-título e o primeiro single, Know Your Enemy, são exemplos de que o trio recuperou pelo menos parte da disposição do início da carreira. Continua sendo punk, mas de um jeito diferente. Modernizar o passado, já dizia Chico Science, é uma evolução musical.

4 de junho de 2009

Powerpop ao quadrado

Como soaria uma boy band indie? O Tinted Windows tratou de responder. Os riffs potentes, refrões explosivos e melodias grudentas são os ingredientes do recém-lançado álbum de estreia da banda que tem uma formação inusitada.

O guitarrista James Iha (Smashing Pumpkins), o baixista Adam Schlesinger (Fontains of Wayne) e o baterista Bun E. Carlos (Cheap Trick) dividem o palco com Taylor Hanson (ele mesmo, o mais roqueiro dos criadores de MMMbop). Embora tenha virado notícia pelo passado de seus integrantes, o Tinted Windows revelou-se uma fonte divertida de powerpop.

Tratado com status de supergrupo, o quarteto faz um rock direto, sem enrolar – apenas duas músicas têm mais de quatro minutos –, e cheio de melodias insinuantes. Uma dose generosa de açúcar para levantar o preguiçoso pop de hoje em dia. E você pensava que nunca teria motivos para ouvir Taylor Hanson no volume máximo...

3 de junho de 2009

Nei Lisboa caseiro e virtual

As letras escritas em guardanapos de bar fazem parte do passado. Nei Lisboa agora tem 50 anos de vida, uma filha de seis e é um homem dedicado ao lar. O momento vivido por ele transparece com nitidez em Translucidação (2006), último trabalho do músico que apresenta-se no dia 13 em Bom Retiro do Sul. “Me tornei pai tardiamente, com 43 anos, de uma linda garotinha, então tudo se voltou mais para dentro de casa”, revela em entrevista de 22 minutos por telefone a O Informativo do Vale. Eis a íntegra:

Fala um pouco da turnê atual, são 30 anos de carreira, qual o formato do show, repertório?
O formato é um trio que sou eu violão e voz, Paulinho Supekovia na guitarra e vocais, e Luiz Mauro Filho nos teclados e vocais. O repertório abrange a carreira toda, mais calcado nos últimos discos, mas também músicas das antigas.

Translucidação teve a divulgação que merecia?
Não é questão de merecimento, ele é um disco um pouco mais difícil. É um disco muito autoral, não é um disco voltado ao mercado. Se propunha desde o início a uma coisa mais fechada, por ser independente também, né. É um disco em que está se perguntando muito sobre a própria indústria e a distribuição de música por este momento confuso que a gente vive e já vivia quando o disco foi feito. O CD, em si, como suporte, está sendo questionado. Eu sei que o disco já teria uma barreira comercial tradicional. No entanto ele está tendo um prolongamento por causa da internet. Está disponível para download no site e tem gente que está descobrindo o disco agora.

Teu último trabalho tem muito de MPB, isto é resultado do que?
É verdade, este CD em termos de composição foi um momento em que eu brinquei bastante com computador, um teclado ligado no computador, um pequeno estudiozinho digital em casa. Bom, escutar MPB eu sempre escutei, não sei porque as vezes essa vertente vem mais ou menos. Acho que fiz uma coisa um pouquinho mais fechada em mim mesmo, menos pra fora. O conceito do disco já vinha por aí. Ficou ao natural, uma coisa menos pop rock.

Tu te sentes mais livre para compor hoje?
Compor pra mim nunca foi uma liberdade. Depois de 30 anos a gente encara mesmo como uma certa obrigação profissional também. Mas além deste fator, para mim é sempre um parto, uma coisa muito sofrida buscar o que dizer, como dizer. Nunca tive muito a sensação de liberdade. E também nunca tive uma sensação de aprisionamento caricato, de a gravadora te impondo coisas, nunca foi também isto. É mais uma auto-censura ou um auto-direcionamento que a gente se coloca dependendo de cada posição que tu estás. Se estiver voltado pra uma grande produção, com um monte de gente envolvida, etc e tal, automaticamente tu já pensas em compor coisas que tenham a ver com aquela situação. Eu agora vivi esta chegada aos 50, me tornei pai tardiamente, com 43 anos, de uma linda garotinha que hoje está com seis anos, então tudo também se voltou mais para dentro de casa. Isto refletiu também no que eu fiz neste disco.

O iPod e a música virtual te incomodam?
Não, pelo contrário. Isto é uma coisa que me fascina. Investi muito o meu tempo nisto. A Webvitrola tem sido o meu grande brinquedo nos últimos dois anos. É uma forma de as pessoas terem acesso a todos os discos, sem estar assaltando nenhuma lei, sem tomar posse do arquivo. Me mandam e-mail perguntando “onde eu compro o Hi-Fi?”. Eu digo: “eu não sei. Compra num sebo”. Então a vitrola veio para isto. Agora está mais requintado, tem até transmissão ao vivo. O MP3 foi uma grata solução para isto.

Quais teus projetos para o futuro, algum álbum novo em mente?
Aí que tá. Álbum na verdade não sei se é uma coisa que vale hoje em dia a gente investir. Estou tentando pensar de outras formas. A internet serve para, por exemplo, lançar músicas em separado. Agora, reunir uma dúzia de canções e lançar um CD não é coisa que esteja nos planos. Estou começando a compor mas já pensando em distribuir desta forma, digital, pela internet. E pode começar com duas ou três músicas, não um álbum inteiro.

Tem um DVD nos planos, não é?
É, estou comemorando estes 50 anos de idade e 30 anos de carreira, então até o final do ano vou registrar as imagens, na verdade ainda me perguntando em que suporte isto vá circular. Talvez um DVD que está mais na pauta, mas por que não pensar em outras coisas?

Qual música não pode faltar no show, senão a galera cobra?
Uma meia dúzia. Pra Te Lembrar nos últimos anos é a mais pedida, é aquela que o Caetano Veloso gravou pro filme do Jorge Furtado (Meu Tio Matou um Cara). Telhados de Paris é outra, Baladas, Verão em Calcutá, Romance, Faxineira também.

Tem alguma que tu não tocas mais?
Não. Durante muito tempo não toquei Faxineira. Por certo desgosto de uma Dona Maria minha que tinha falecido. Mas depois eu voltei a tocar e tenho tocado sempre. O bom com este trio é que a gente ataca qualquer uma, já temos um repertório vasto das minhas músicas ensaiadas.

Vou te fazer a pergunta que está no teu site: qual projeto é mais importante pro RS (as opções são impeachment da governadora, um presídio tradicionalista e mais pontes para os sem-teto)?
(Risos) Foi uma brincadeira minha ontem e não sei se não me arrependo ainda... Eu tenho posição política e partidária há muitos anos e acho que é a primeira. A gente perdeu muito com os últimos governos que elegemos no Estado. É uma pena, porque foi uma década em que o país, apesar da crise que agora surgiu, teve um crescimento em que poderíamos ter nos sintonizado melhor.

O que te deixa perplexo, indignado em nosso Estado?
Corrupção já não me deixa perplexo, a gente já se habituou a isto. Meu estado não é de perplexidade. É de lamentar mesmo. Um desgosto. Um tempo subutilizado. Uma década que a gente podia ter aproveitado melhor e que vai ter que correr atrás agora pra recuperar. Nada que o tempo também não conserte.