30 de outubro de 2009

Fenômeno póstumo

Quem tem mais de 25 anos vai lembrar que, nas décadas de 1980 e 1990, Michael Jackson era onipresente – estava nas telas de cinema, nos copos de refrigerante e no videogame. Fez parte da vida de muita gente, mesmo de quem não era seu fã. Agora a febre voltou. O culto a personalidades mortas não é nenhuma novidade no mundo da música, mas a performance póstuma de MJ promete quebrar todos os recordes.

O primeiro álbum post mortem, This Is It, começou a ser vendido na última segunda-feira em todo mundo. Tudo indica que será um sucesso de vendas, apesar da crítica especializado ter opinado de forma negativa sobre a qualidade das músicas. Este também é o nome de um documentário sobre os últimos ensaios de Michael, cuja pré-estreia ocorreu na terça.

This Is It – o álbum – foi lançado foi expectativa de vender entre 200 e 500 mil unidades somente na primeira semana. MJ poderá ainda acumular novas glórias, caso o disco seja inscrito para os prêmios Grammy de 2011. Alguém duvida?

25 de outubro de 2009

U2 ao vivo na rede

A banda irlandesa U2 transmitirá pela internet hoje um show da 360° Tour, que ocorre no Rose Bowl, na cidade de Pasadena (perto de Los Angeles), na Califórnia. A transmissão será através da página da banda no site de vídeos Youtube a partir das 20h30min, horário local (01h30min de segunda-feira, no horário de Brasília). O U2 lançou 'No Line on the Horizon' no mês de março, o seu 12º álbum de estúdio.

Link: http://www.youtube.com/u2

22 de outubro de 2009

Quinze anos de lama

“Modernizar o passado é uma evolução musical.” Nunca uma vinheta foi tão significativa no rock nacional. Mais do que uma simples faixa de abertura, Monólogo ao Pé do Ouvido introduzia ao ouvinte a proposta estética-política do manguebeat – movimento surgido em Recife nos anos 1990. Quinze anos após o seu lançamento, Da Lama ao Caos, álbum de estreia de Chico Science & Nação Zumbi, continua representando o que houve de melhor no rock brazuca das últimas duas décadas.

Assim como o mangue – biologicamente o ecossistema mais rico do planeta –, o disco era uma profusão de ritmos que pegou de surpresa público e crítica, colocando Pernambuco em destaque no cenário musical. A mistura de rock, samba, hip hop e maracatu, com percussão em vez de bateria, trouxe uma sonoridade original como há muito não se ouvia. Intercaladas entre samples, tambores e guitarras estavam as letras politizadas de Chico Science, morto em 1997, que transformou-se no porta-voz de uma geração até então pouco ouvida.

Quinze anos depois, Da Lama ao Caos ainda ecoa por meio da melhor banda nacional da atualidade, a Nação Zumbi. Não por acaso, do Recife sairiam alguns dos principais nomes do pop rock brasileiro, como Mundo Livre S/A, Mombojó e Cordel do Fogo Encantado.

20 de outubro de 2009

Cristiana Pretto lança álbum em Lajeado

A cantora lajeadense Cristiana Pretto lança na terra natal, sexta-feira, o terceiro CD da carreira: Tempo. O show começa às 20h no Teatro do Sesc. A artista volta aos palcos após dez anos. O álbum traz oito faixas com uma nova concepção: "baladas românticas em um disco leve que ultrapassa a barreira da musicalidade e da poesia". No palco, Cristiana terá a companhia de Ricardo Baumgarten (baixo), Ricardo Arenhart (bateria) e Michel Dorfman (teclado). Os ingressos custam R$ 5,00 para comerciários com cartão do Sesc e R$ 20,00 para o público em geral.

Ouça Cristiana aqui

19 de outubro de 2009

Brasil terá o seu Woodstock

Só faltava essa! Depois de vencer a disputa pela Copa de 2014 e pela Olimpíada de 2016, o Brasil vai sediar o Festival de Woodstock. O célebre evento de rock, que em 2009 completou quatro décadas, irá ocorrer no Rio de Janeiro no próximo ano. O responsável pela iniciativa é o empresário Eduardo Fischer, que conseguiu os direitos para a realização em negociação com os organizadores do Woodstock original. O festival já teve três edições: 1969, 1994 e 1999. Vale lembrar que a última ficou marcada menos pelo rock and roll e mais por problemas como violência, estupro, incêndio e muita confusão - é o que não falta no Brasil, não é?

18 de outubro de 2009

Paêbirú ganha documentário

Em meio ao sertão paraibano, no ano de 1598, soldados portugueses encontraram um “painel” de pedra – 24 metros de comprimento por quatro de altura – repleto de desenhos rupestres. Os traços ilustram animais, humanos e até constelações. Mais de 400 anos após a descoberta, a origem da Pedra do Ingá, como é chamada, ainda é uma incógnita. Alguns arqueólogos acreditam tratar-se de uma passagem das montanhas peruanas até o Oceano Atlântico. Na linguagem dos incas, o “caminho do sol” é conhecido como Paêbirú.

A lenda serviu de contexto para um dos últimos registros da psicodelia nacional. Lançado em 1974, o álbum duplo Paêbirú tornou-se tão mítico quanto sua fonte de inspiração. A prensagem única deu origem a 1,3 mil exemplares, dos quais mil perderam-se na enchente que assolou Recife em 1975. Cada uma das 300 cópias restantes chega a valer cerca de R$ 4 mil. Além disso, devido à pequena repercussão obtida na época, Paêbirú é rejeitado pelos seus dois autores – Lula Côrtes e Zé Ramalho.

Graças ao download gratuito – e ilegal –, Paêbirú conheceu o sucesso 30 anos após o seu lançamento. Isso explica a gravação de Nas Paredes da Pedra Encantada, documentário que revela como surgiu um dos álbuns mais cultuados da música brasileira. A bordo de uma Kombi, os diretores Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim levaram Lula Côrtes de volta a Ingá, ponto de partida para o processo de criação do disco. Além de investigar a riqueza musical presente na obra, o filme detalha o imaginário particular do interior da Paraíba e o momento psicodélico da época.

Com recursos próprios, Bastos e Bomfim conseguiram refazer a trilha de Côrtes e Ramalho – que deu origem a Paêbirú –, o que resultou no que eles chamam de um road movie documental. A intenção dos produtores é lançar o filme em 2010, utilizando meios alternativos – como a divulgação em festivais de música. Para ouvir Paêbirú, no entanto, o único recurso continua sendo a internet. A não ser que você tenha R$ 4 mil disponíveis.


Veja abaixo o trailler do filme e o vídeo da música Nas Paredes da Pedra Encantada:



Tom Waits oferece download gratuito

O australiano Tom Waits ofereceu uma prévia do seu novo álbum de forma gratuita na internet. Para baixar oito das 17 faixas de Glitter and Doom Live basta acessar o site oficial do compositor e informar o seu endereço de e-mail. O novo trabalho de Waits registra a turnê de mesmo nome, que passou pelos Estados Unidos e Europa. Dono de uma voz rouca e inconfundível, o artista é um dos principais nomes da música folk.

15 de outubro de 2009

Adeus melancolia

Basta ouvir os primeiros acordes de Backspacer para ter uma certeza: o astral do Pearl Jam mudou. A melancolia que pautava a sonoridade da banda agora é coisa do passado. No seu novo álbum, o quinteto de Seatlle mostra que os grunges não têm restrições contra renovar o seu som.

Superar o risco da repetição não é nada fácil para quem já vendeu 30 milhões de discos e está no topo desde 1991. Ao optar por uma sonoridade mais pop, com melodias e riffs insinuantes, o Pearl Jam fez um álbum realmente relevante. As músicas são curtas e raramente ultrapassam os quatro minutos. Principal remanescente da era grunge, a banda prova, com Backspacer, que não pretende virar peça de museu.

“Tivemos uma tendência no passado de fazer músicas longas. É divertido ir na direção oposta agora, fazer canções concisas, pop”, resume o guitarrista Stone Grossard. O último álbum, lançado em 2006, teve como principal alvo o presidente George W. Bush – que hoje não mais ocupa a Casa Branca. Seria esse o motivo de tanta euforia? Se for, Obama prestou um grande serviço ao rock.

Ouça The Fixer

14 de outubro de 2009

Dia de Pratas da Casa no Sesc

Hoje é dia de mais uma edição do Pratas da Casa Acústico, iniciativa promovida pela Rede Dial e Sesc com o objetivo de divulgar a música da região. Desta vez os convidados são as bandas Mais do Mesmo (cover da Legião Urbana) e Teatro dos Sonhos. A entrada é gratuita, mas é recomendável levar um quilo de alimento não-perecível. As apresentações iniciam às 20h no Teatro do Sesc Lajeado.

13 de outubro de 2009

100 maiores músicas brasileiras

Ficou com Construção, de Chico Buarque, o posto de melhor canção da história da música brasileira. A seleção com 100 títulos foi feita pela revista Rolling Stone. Construção é seguida por Águas de Março (Elis e Tom), Carinhoso (Pixinguinha), Asa Branca (Luiz Gonzaga) e Mas Que Nada (Jorge Ben).

Eu, que já decorei todas as falas de Rob Gordon, fiz rapidamente uma seleção, sem pesquisar muito (*). Tentei evitar algumas obviedades. Aí vai:

Ismael Silva - Antonico
Zé Keti - Mascarada
Vinícius de Moraes e Baden Powell - Samba da Benção
Nara Leão - Com Açúcar, Com Afeto
Mutantes - Dom Quixote
Paulinho da Viola - Foi um rio que passou em minha vida
Novos Baianos - Mistério do Planeta
Lupicínio Rodrigues - Ela disse-me assim
João Bosco - O mestre-sala dos mares
Tom Zé - Profissão ladrão


E pra você, qual música não pode faltar nesta lista?




*Sujeita a alterações

Echo não vive do passado

Alguns artistas raramente decepcionam. The Fountain é o novo álbum de um dos prediletos da casa, o Echo and The Bunnymen. Com um disco enérgico, os caras de Liverpool – que têm 30 anos de estrada – provam que viver do passado não é com eles. Think I Need It Too, a primeira música de trabalho, está disponível para download no site oficial.

Michael onipresente

Estava demorando! Surgiu a primeira canção póstuma de Michael Jackson. This Is It foi lançada no site oficial do cantor e já distribuída a rádios e outros veículos de comunicação. Esta deverá ser a única faixa inédita de uma coletânea a ser lançada no final do mês – e a primeira de uma série de gravações post mortem do Rei do Pop. Alguém duvida?

8 de outubro de 2009

Mutantes só no nome

Uma coisa é o nome Mutantes. Outra é a formação atual do grupo, que em nada lembra o maior expoente do rock nacional em todos os tempos. Depois de 33 anos, um álbum com músicas inéditas chega ao mercado com apenas dois integrantes originais: o guitarrista Sérgio Dias e o baterista Dinho Leme.

Após uma turnê de reunião, Arnaldo Baptista – o cérebro da formação clássica dos Mutantes – deixou a banda em 2007. E, sempre que seu irmão Sérgio assumiu o comando, o resultado não foi dos melhores – haja vista os álbuns progressivos da década de 1970 e a fraca Mutantes Depois, música lançada em 2008. Em ambos os casos, a sonoridade lisérgica e irreverente de Arnaldo, Rita Lee e Sérgio foi substituída por um marasmo criativo.

Não é diferente com Haih...or Amortecedor, que acaba de ser lançado. Só que, em vez do rock progressivo da década de 70, Sérgio e companhia tentam reproduzir com outras ferramentas a psicodelia sessentista. Ou seja, mutação mesmo, só no nome. Salvam-se algumas boas melodias, mas o resultado final é muito fraco para uma banda que tem a grife que tem. Uma pena.

Ouça o álbum aqui

7 de outubro de 2009

Nirvana inédito

Para comemorar os 20 anos do primeiro álbum do Nirvana, Bleach, o selo Sub Pop liberou em seu site uma versão ao vivo da música Scoff, gravada em 1990. A faixa faz parte da nova edição do álbum, a ser lançada pela gravadora que projetou o movimento grunge.

Para baixar clique aqui

6 de outubro de 2009

Gracias a Mercedes



A doença de Mercedes Sosa, que estava hospitalizada há duas semanas em estado grave, frustrou a tentativa de trazê-la ao Vale do Taquari. Os contatos iniciaram-se após a apresentação da cantora argentina em Cachoeira do Sul, no ano passado. “Tínhamos conversado com empresários e estávamos buscando patrocínio. Estava tudo mais ou menos equacionado”, revela o tradicionalista Hans Cremer, idealizador da Quarteada da Amizade.

“La Negra”, como ela era chamada, morreu domingo, aos 74 anos, em decorrência de problemas renais e hepáticos. “São coisas do destino”, define Cremer. Antes da morte, ele já havia recebido a notícia do agravamento da sua saúde. Mesmo sem concretizar a vinda da cantora à região, Cremer assistiu a apresentações dela duas vezes - uma em Corrientes, na Argentina, e outra em Cachoeira do Sul, que acabou sendo a última da intérprete em solo gaúcho. “Foi uma cantora que marcou época porque tomou posicionamento no sentido popular e libertário, em um período em que era difícil se posicionar”, define.

De acordo com Cremer, Mercedes era exceção numa época “em que letristas e poetas esquecem que têm uma obrigação social”. Para quem a viu ao vivo, durante a Vigília do Canto Gaúcho de Cachoeira do Sul, aquele momento mágico jamais será esquecido. O empresário e compositor Luís Konrad, de Lajeado, define a experiência como única e indescritível. “Foi a maior cantora que a América Latina já teve. Poder vê-la pessoalmente foi fantástico”, recorda. “Ela tinha uma linha de pensamento completamente diferente. Não era uma música comum.”

Grunge 14 anos depois

Seattle recém começava a perder o posto de capital do rock quando o Alice in Chains lançou o último disco. Foi em 1995, ano em que o melodioso britpop dos ingleses desbancou a música pesada e sombria dos grunges. De lá para cá foram 14 anos de um hiato criativo – e algumas tragédias pessoais – que agora acaba de ser rompido. Black Gives Way to Blue, quarto álbum da banda, foi lançado no final de setembro.

Desacreditado após a morte por overdose do vocalista Layne Staley, em 2002, o grupo ainda enfrentou os riscos de substituir o seu principal integrante. William Duvall, que entrou na fogueira, não compromete – embora seja motivo de bronca dos fãs saudosistas. O Alice in Chains pode ter mudado a formação, mas o som continua calcado no mesmo rock agressivo, de guitarras distorcidas e riffs marcantes, que deu fama ao quarteto na década de 90. A execução é que pode não agradar o público, um risco previsível após tantos anos sem músicas novas.

Ao lado de Nirvana, Pearl Jam e Soundgarden, o Alice in Chains foi um dos principais expoentes do movimento grunge. Em 1991, lançou o megahit Man in the Box, música mais famosa da banda. Seu momento mais inspirado, no entanto, é considerado o álbum Dirt, lançado no ano seguinte.

3 de outubro de 2009

Desnecessário acrescentar palavras


A porta de tela bate; o vestido de Mary esvoaça com o vento. Como uma miragem ela parece dançar pela varanda enquanto o rádio toca Roy orbinson está cantando para os solitários: "ei, sou eu e é somente com você que eu quero falar". Não me mande pra casa de novo, eu não suportaria me ver sozinho mais uma vez.

Nem fuja correndo pra dentro de casa, querida, você sabe pra que que eu estou aqui. Então você está com medo e pensando que talvez já tenhamos passado da idade. Mas tenha um pouco de fé; existe magia na noite. Você não é a mulher mais linda, mas você é bonita. E pra mim até demais...

Você pode se esconder dentro das cobertas e estudar a sua dor; desenhar cruzes nos nomes de seus namorados ou despedaçar rosas na chuva; ou mesmo gastar todo o verão rezando pra que uma salvação apareça andando pela rua. Bem, eu não sou herói nenhum, que isso fique bem claro. Toda a redenção que posso te oferecer, garota, está debaixo desse velho capô. Com somente uma última chance de fazer tudo dar certo. Bem, que mais podemos fazer...

A não ser...Abaixe o vidro da sua janela e deixe o vento assoprar seu cabelo para trás; a noite se abre diante de nós, e essas duas pistas podem nos levar para qualquer lugar. Temos mais uma chance de fazer isso se tornar verdade; de trocar essas asas velhas por rodas. suba aqui, está esperando por nós logo adiante na estrada. garota, eu quero que você entenda de uma vez: eu estou indo embora essa noite pra conseguir a minha terra prometida. Quando se nasce com nada nas mãos, hey, é a única chance que se tem. E eu posso ver ela, se estendendo abaixo do sol, eu sei que já é tarde mas chegaremos a tempo se pisarmos fundo. ah, eu queria que você viesse, então deixe pra trás o que você perdeu, deixe na estrada o que já é velho demais na sua vida.

Bem, eu tenho essa guitarra e eu sei como fazê-la cantar. e meu carro está ali atrás, se você estiver a fazer a longa caminhada da sua porta da frente para o meu banco de passageiro: a porta está aberta, mas a viagem não é de graça. e eu sei que você se sente sozinha; e sei das palavras que eu nunca disse; mas esta noite estaremos livre, e todas as promessas serão quebradas!

Existem fantasmas nos olhos de todos os garotos que você dispensou. eles assombram esta estrada empoeirada nas carcaças esqueléticas de carros que já morreram. eles gritam seu nome durante a noite; e o seu vestido de formatura está em frangalhos aos pés deles; e no frio que vem antes do sol nascer você ouve seus motores rugindo sem parar; mas quando você sai na varanda, o som se vai com o vento...

Então, Mary, me escute: Esta cidade é dos perdedores e eu só tenho a ganhar saindo daqui.