31 de dezembro de 2008

Modernos e promissores

Quando voltar do seu recesso, o Los Hermanos poderá ter perdido o seu posto no rock nacional para outra banda. O candidato da vez, a banda Cérebro Eletrônico, já mostrou que tem cacife para ser apontada como uma das principais promessas do ano que começa amanhã.

O disco Pareço Moderno, lançado em 2008, é uma resposta a quem pensa que o rock nacional já era. Com uma fórmula que inclui tropicalismo, brega e rock, o Cérebro Eletrônico soa, incrivelmente ... moderno! “Parecer moderno, em relação à música, é buscar referências no passado e no presente, colocando novidades no que já foi feito”, define com precisão o vocalista Tatá Aeroplano.

Com o sucesso conquistado neste ano, a expectativa é grande para o lançamento do próximo álbum. Pelo título, o novo trabalho promete: Deus e o Diabo no Liquidificador. Que venha 2009!

24 de dezembro de 2008

Papai Noel indie



Uma das novidades mais bacanas deste Natal é o clip de Santa's Coming Over, do Low. A música está em um compacto de vinil lançado recentemente por esta banda de Minneapolis (EUA). E já que hoje é dia 24 de dezembro, nada melhor do que rock com espírito natalino. A todos os leitores da coluna e do blog Leituras Musicais, um feliz Natal!

23 de dezembro de 2008

2008, o ano do MGMT

Eletrônica? Pop? Retrô? Difícil é definir a música do MGMT (sigla para Management), dupla nova-iorquina que foi uma das sensações da música em 2008. Presente em quase todas as listas de melhores do ano, o álbum Oracular Spetacular alçou os universitários à condição de astros internacionais.

Com um pop bem humorado e de influências diversas, Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser criaram um disco moderno, dançante e com a cara do século XXI. O clipe viajandão de Time do Pretend, ao estilo História Sem Fim, é uma das coisas mais insanas e legais dos últimos tempos.

Inspirados no eletropop, glam, space rock, folk e psicodelia, o MGMT soa moderno sem deixar de lado o status retrô. Ao que parece, tudo em Oracular Spetacular foi feito sem muita pretensão. “Não estamos tentando encontrar uma fórmula”, disse Goldwasser em entrevista recente.

22 de dezembro de 2008

Uma homenagem à altura da bossa

Entre todas as homenagens ao cinqüentenário da bossa nova, nenhuma soou tão espontânea quanto o último disco de Tom Zé. Em Estudando a Bossa, o baiano aparece cercado de um time de 12 cantoras (entre elas Fernanda Takai, Zélia Duncan e Badi Assad), além do americano David Byrne. Há tempos um álbum do compositor não soava tão assoviável.

O alvo principal da homenagem é um conterrâneo seu que tem fama de chato e canta baixinho. Aliás, para Tom Zé, foi João Gilberto quem criou o estilo com o disco Chega de Saudade, lançado em 1959 – embora as comemorações pelos 50 anos da bossa tenham como ponto de partida o lançamento de Canção do Amor Demais, de Elizete Cardoso, em 1958.

“O biscoito da Cardoso foi divino, foi gostoso, mas era um samba-canção lindo e nunca passou disso não”, canta Tom Zé na sugestiva João nos Tribunais. “Mas quatro meses depois”, prossegue, “João gravou com a levada a voz no jogo sincopado, o violão todo abusado”. E em seguida, completa: “E nasceu a bossa nova”. Em Síncope Jãobim, a história se repete: “No Brasil reinava então o doutor samba-canção, foi quando apareceu o cara do bim-bom”.

Sobram referências a Jobim, Menescal, Nara, Beatles (Roquenrol, Bim-Bom) e até aos jornalistas Zuza Homem de Mello e Tárik de Souza. Enfim, Tom Zé buscou inspiração na história para gravar um dos seus melhores trabalhos em muitos anos. Coincidência ou não, faz exatos 40 anos que o compositor lançou o seu primeiro e extraordinário LP – uma efeméride que passou despercebida frente à genialidade de seu mais recente disco.

20 de dezembro de 2008

Rock inglês volta às origens

Eles nunca tiveram a mesma popularidade que Rolling Stones ou The Who, embora fossem tão ou mais geniais que seus conterrâneos famosos. Em pleno século XXI, o The Kinks mostra que a viagem dos anos 1960 não terminou e promete retornar à ativa. Em entrevista à BBC, o líder Ray Davies disse que a banda voltou a trabalhar em estúdio. No entanto, não confirmou a data do lançamento de um provável disco novo.

Com um número tão grande de bandas imitando a música e a estética sessentista, a volta do The Kinks – com os quatro integrantes originais – não chega a ser um fato tão inesperado. O difícil vai ser manter nível alcançado há quarenta anos – o que leva muitos fãs a torcerem o nariz, com medo de que a reunião não seja positiva para a memória da banda. Mas mesmo que o resultado não seja dos melhores, servirá para apresentá-los às novas gerações.

Precursores do power chord rock (rock com acordes fortes), Davies e companhia lançaram, na segunda metade da década de 1960, um clássico atrás do outro. Embora tenham integrado a chamada invasão britânica, eram contestadores demais para estar ao lado de Beatles e Rolling Stones. E, mesmo com menos hits, tornaram-se uma das bandas mais influentes daquela geração.

Em 1967, chegaram à perfeição com Something Else, um dos mais inspirados álbuns de todos os tempos. Waterloo Sunset, presente neste disco, foi apontada pela Rolling Stone como uma das 50 melhores músicas da história. Marcados por conflitos internos e incidentes pessoais, o Kinks não se reúne desde 1996, quando fez uma pequena turnê. A reunião era cogitada desde 2000, mas a idéia foi interrompida devido a um acidente vascular cerebral sofrido pelo guitarrista Dave Davies em 2004.

The Kinks - Waterloo Sunset

19 de dezembro de 2008

Little Joy e Alanis em POA

Mais dois shows badalados foram confirmados para o início de 2009 em Porto Alegre. No dia 27 de janeiro, o Little Joy (foto) apresenta-se no Bar Opinião com ingressos entre R$ 20 e R$ 30. Em fevereiro será a vez da canadense Alanis Morissette, que estará no Pepsi On Stage no dia 10.

Composto por um integrante do Strokes, o baterista Fabrizio Moretti, e um do Los Hermanos, o vocalista e guitarrista Rodrigo Amarante, o Little Joy surgiu na Califórnia como um projeto despretensioso. O álbum homônimo de estréia foi bem recebido e, com melodias assoviáveis, lembra inevitavelmente as bandas originais de seus integrantes.

Aos 34 anos, Alanis Morissette lançou em 2008 o seu sétimo disco, Flavors of Entanglement, que já vendeu cerca de 600 mil cópias. As músicas são resultado de vários cadernos de anotação da cantora. A turnê, iniciada na Europa, percorre 11 capitais brasileiras no próximo ano.

18 de dezembro de 2008

Bob Dylan de sanfona

A dura sinceridade de Like a Rolling Stone a transformou em uma das canções mais contestadoras de todos os tempos. Após quatro décadas da gravação original, Zé Ramalho traduziu os mesmos versos desoladores que Bob Dylan cantara em 1967. Resultado: a versão chamada Como Uma Pedra Rolar é o destaque de um dos melhores lançamentos deste fim de ano, o álbum do cantor nordestino dedicado a músicas do norte-americano.

O recém-lançado Zé Ramalho Canta Bob Dylan já valeria somente pela faixa acima citada. Mas o autor reservou muito mais. Para quem nasceu em Brejo do Cruz, interior da Paraíba, Jackson do Pandeiro é o Mr. Tambourine Man da clássica canção de Dylan. A citação ao sambista, conterrâneo de Zé, mostra que na linguagem universal da música não há barreiras entre a obra cosmopolita de Dylan e o regionalismo da canção nordestina.

E é trocando a gaita de boca do americano pela sanfona do forró que Zé Ramalho constrói um disco autêntico, à altura de um tributo ao maior poeta do rock. Mesmo quando vai pelo caminho mais simples, o álbum funciona. Negro Amor é uma regravação da já conhecida versão de Caetano Veloso para It’s All Over Now, Baby Blue, enquanto que If Not For You, gravada também por George Harrison, foi registrada em inglês mesmo.

Produzido por Robertinho do Recife e lançado pela EMI, o CD prioriza as canções antigas de Dylan – embora Tá Tudo Mudando seja uma versão para Things Have Changed, que em 2000 rendeu ao compositor um Oscar pela trilha do filme Garotos Incríveis. Tudo bem, as versões são praticamente traduções literais dos originais. Mas se há um compositor com autoridade suficiente para traduzir a obra Dylan, esse alguém é Zé Ramalho.

Faixas:
1 – Medley: Wingwam/Para Dylan (inédita)
2 – O Amanhã é Distante (Tomorrow is a Long Time)
3 – If Not For You
4 – Batendo na Porta do Céu (Versão II) (Knocking on Heaven’s Door)
5 – O Homem Deu Nome a Todos Animais (Man Gave Name to All the Animals)
6 – Tá Tudo Mudando (Things Have Changed)
7 – Como Uma Pedra a Rolar (Like a Rolling Stone)
8 – Negro Amor (It’s All Over Now, Baby Blue)
9 – Não Pense Duas Vezes, Tá Tudo Bem (Don’t Think Twice, It’s All Right)
10 – Rock Feeling Good (Tombstone Blues)
11 – O Vento Vai Responder (Blowin’ in the Wind)
12 – Mr. do Pandeiro (Mr. Tambourine Man)

16 de dezembro de 2008

O Blur está de volta

O bom filho à casa torna. Depois de ajudar a redesenhar o rock inglês na década de 90, o Blur anunciou a reunião marcada para julho em Londres. Uma única apresentação foi confirmada, mas a expectativa é de que a banda, que não lança um disco novo desde 2003 (com o irregular Think Tank), retorne também aos estúdios.

Motivos para alarde não faltam. Com uma mistura de indie, rock psicodélico e madchester (rock dançante produzido em Manchester), o Blur tomou de assalto uma cena roqueira então dominada pelo grunge de Kurt Cobain e companhia. O grupo rivalizou com o Oasis pelo posto de maior banda do Reino Unido e formou, ao lado dos irmãos Gallagher, a linha de frente do britpop.

Desde 2003, seus integrantes dedicaram a outros projetos. O mais bem sucedido deles foi o Gorillaz, do vocalista Damon Albarn, que emplacou vários hits. Em 2009 é a formação original do Blur – que lançou o último álbum, 13, em 1999 – que subirá aos palcos. Albarn, que reatou sua ligação com o guitarrista Graham Coxon, tratou de deixar os fãs otimistas: “O Blur vai voltar a ensaiar e ver se ainda soamos como antes”.


Blur - Coffee & TV

14 de dezembro de 2008

O Mali dá as boas-vindas

Situado no Noroeste da África, o Mali é um dos países mais pobres do planeta. Mais da metade da área é formada por deserto ou semi-deserto e sua economia depende de ajuda externa. Ocupada pelos franceses no final do século XIX, tem na língua de Serge Gainsbourg o seu idioma oficial. E é com ele que o casal Amadou & Mariam apresenta para o mundo, com orgulho, essa parcela exótica e desconhecida da Terra.

Welcome to Mali, lançado no final de novembro, é o sétimo disco da dupla, espécie de embaixadores do seu país pelo mundo. O cartão de visitas que o título sugere recebeu um toque globalizado com a participação do ex-futuro-vocalista do Blur, Damon Albarn na faixa Sabali. É a música africana buscando sua recriação integrando-se a outros ritmos.

Por conta dessa integração, alguns críticos europeus torceram o nariz acusando a dupla de descaracterizar a verdadeira música do Mali. Injusto, se levarmos em conta que, para muitos, o país africano é o verdadeiro berço do blues – estilo cuja autoria é creditada do outro lado do Atlântico.

Mas a própria história de Amadou & Mariam prova que o casal está acostumado a superar barreiras. Ambos são cegos e conheceram-se em um instituto para deficientes visuais na capital Bamako. Mais do que uma história de amor, surgiu ali um dos maiores nomes da world music na atualidade.


Amadou & Mariam - Je Pense a Toi (1999)

12 de dezembro de 2008

O gênio reiventado

A capacidade que Bob Dylan tem de reiventar suas próprias canções faz de Tell Tale Sings um item imperdível para os fãs. O novo álbum do cantor, oitavo volume da série Bootlegs, traz músicas gravadas entre 1989 e 2006 em arranjos irreconhecíveis, além de algumas músicas inéditas. Trata-se de uma síntese ideal da fase iniciada com o lançamento de Oh Mercy (1989) e que revelou o retorno à criatividade do gênio, autor do melhor disco de 2006, Modern Times.

Como costuma fazer em seus shows, Dylan modifica completamente sucessos como Dignity, Most of the Time e Mississipi, que aparecem ora em versões ao piano, ora em gravações ao vivo. A inédita Dreamin of You mostra um Dylan urbano, mas em conexão com o jovem de cabelos desalinhados que redefiniu os rumos do rock nos anos 1960. Lembra o seu trabalho anterior, Modern Times. O CD duplo conta ainda com um rico encarte com fotos, textos e informações sobre cada música. Um belo presente de fim de ano.

10 de dezembro de 2008

EP sem surpresas

Para quem ouviu Viva la Vida or Death and All His Friend, o novo EP do Coldplay não traz grandes surpresas. Prospekts March tem apenas quatro faixas inéditas e até a capa lembra seu antecessor, com uma pintura de Èugene Delacroix (a diferença é que dessa vez o quadro usado foi A Batalha de Poitiers). Com oito músicas, o disco será lançado em um final de ano que não é dos melhores para os ingleses.

Tudo bem, o Coldplay foi a banda que mais vendeu discos em 2008. Logo na semana do seu lançamento, Viva La Vida entrou no primeiro lugar da parada do Reino Unido, onde permaneceu por seis semanas. Mas ao mesmo tempo em que contabiliza cifras milionárias, o quarteto tem de dar explicações à Justiça. Desde que o álbum foi lançado, o grupo recebeu três acusações de plágio. Detalhe: todas pela mesma música, a faixa-título do CD.

Com produção de Brian Eno, Prospekts March ainda não foi alvo de nenhuma denúncia. Até porque a única banda plagiada é o próprio Coldplay. A novidade fica por conta da participação da Jay-Z na nova versão de Lost!. Mas a melhor notícia é a vinda dos ingleses ao Brasil em março 2009. É bem provável que um dos seis shows (isso mesmo, seis!) ocorra em Porto Alegre.

8 de dezembro de 2008

De musa indie a diva do soul

Ela ficou de fora da lista elaborada pela NME com as mulheres mais “cool” da música pop em 2008 – o que mereceu protestos do blogueiro Kid Vinil. E, como se desse uma resposta à indiferença do semanário inglês, Chan Marshall lança no fim do ano uma obra sofisticada e à altura das grandes divas da música.

Não é a toa que duas das seis faixas de Dark End of the Street, novo EP de Cat Power, codinome da cantora, foram tiradas do repertório de Aretha Franklin. O clássico soul que dá nome ao disco, por sinal, recebeu uma interpretação sombria e de arrepiar, bem ao estilo da musa indie – que flerta com a música negra desde 2006, quando lançou o aclamado The Greatest, com a participação de Al Green.

O namoro com o som “da alma” continua em I’ve Been Loving You Too Long (To Stop Now), de Otis Redding, um dos momentos mais emocionantes desta pequena pérola. Até o Creedence Clearwater Revival recebeu tratamento especial na voz da cantora, com a regravação da canção de protesto Fortunate Son, que Chan canta com um desleixo tentador.

Completam o disco – que deve ser lançado oficialmente amanhã, pela Matador – as músicas Ye Auld Triangle (The Pogues), Who Knows Where The Time Goes (Sandy Denny / Fairport Convention) e It Ain’t Fair (Aretha Franklin). Mas, convenhamos, chamar de EP de covers é uma leviandade. Com sua voz arrastada e arranjos sofisticados, Cat Power deu nova vida a canções imortais. Se isso não é ser “cool”, então o que será?

Cat Power - Dark End of the Street

7 de dezembro de 2008

Os sonhos de Paul Weller

Maior do que a qualidade da carreira solo de Paul Weller é a sua importância para o rock. Ex-líder do The Jam e Style Council, o inglês influenciou uma geração de garotos que faziam de suas guitarras um instrumento de rebeldia. No recém-lançado 22 Dreams, seu nono álbum, Weller aposta mais no detalhismo e deixa em segundo plano o som cru de sua primeira banda. O resultado é um disco apontado por revistas como um dos melhores do ano.

A inspiração veio, em parte, da cena que ele ajudou a criar. Guru do britpop, Weller influenciou o rock inglês dos anos 1990, de bandas como Oasis, Blur e principalmente Ocean Colour Scene. Em 22 Dreams, Noel Gallagher (Oasis), Graham Coxon (Blur) e Steve Cradock (OCS) dão uma mãozinha para o ídolo em participações especiais. Nem precisava. Nas 21 faixas do álbum, Weller demonstra uma energia há tempos não vista em sua carreira, costurando melodias como o “sonhador” que o título sugere.

Seja na agitada faixa-título, no folk de Light Nights ou na suingada Have You Made Up Your Mind, Weller mostra porque é um dos grandes nomes do rock inglês. Para a revista Mojo, 22 Dreams foi o terceiro melhor disco lançado em 2008 – atrás apenas dos badalados Fleet Floxes e do The Last Shadow Puppets.

E para os fãs, desconsolados com o cancelamento de sua vinda ao Tim Festival, o britânico preparou mais uma surpresa. Weller at the BBC traz 74 faixas distribuídas em quatro CDs, gravados em sessões exclusivas para a rede inglesa entre os anos de 1990 e 2008 – um ótima maneira de encerrar um ano que foi excelente para o músico.

6 de dezembro de 2008

Três vezes Frank Jorge

Coordenador e professor do curso de Formação de Produtores e Músicos de Rock, na Unisinos, Frank Jorge ainda encontra tempo para colocar em prática tudo o que sabe. Depois dos shows com a Graforréia Xilarmônica, Cascavelletes e (ufa!) Tenente Cascavel, o músico gaúcho lançou o terceiro e aguardado disco solo.

O álbum Volume 3, sucessor de Carteira Nacional de Apaixonado (2001) e Vida de Verdade (2003), saiu no final de novembro pelo selo Monstro Discos. Em canções simples, com letras irônicas e teclados nostálgicos, Frank Jorge apresenta sua mistura sofisticada de Jovem Guarda, surf music e música brega. Com referências ao Rei do Rock (“Elvis”) e ao revival desenfreado do rock sessentista (“Obsessão Anos 60”), o músico não decepciona os fãs saudosos de suas bandas anteriores – em especial Graforréia.

Nas 12 faixas, Frank Jorge (guitarra, baixo e voz) é acompanhado por Alexandre Birck (bateria), Bruno Alcalde (guitarra) e Paulo Bergmann (teclado). A produção é de Rafael Ramos (que já trabalhou com Los Hermanos e Cachorro Grande) e Iuri Freiberger (Tom Bloch). Confira o resultado no My Space.

5 de dezembro de 2008

O homem de preto

As roupas pretas e os inseparáveis óculos escuros, talvez para disfarçar a pouca beleza, sempre fizeram de Roy Orbison um ídolo às avessas. Não tinha o sex appeal de Elvis Presley, mas conseguiu fazer sucesso como cantor e compositor de rock em plena beatlemania. Dono de uma voz grave e trêmula (chegou a ser confundido com um cantor negro), o autor de Oh! Pretty Woman e de muitas outras canções de amor morreu há exatos 20 anos.

Foi com o seu maior hit, relançado décadas depois para a trilha de Uma Linda Mulher (1990), que Orbison obteve a façanha de ficar à frente dos rapazes de Liverpool nas paradas de sucesso, em 1964. Tímido e reservado, o americano nascido no Tennessee passou boa parte da vida de luto – afinal, a esposa Claudette morreu em 1966 e dois dos três filhos faleceram em um incêndio, dois anos depois –, sentimento que refletia-se em suas belas composições. Antes de partir, Roy despediu-se com classe, como um dos integrantes do Traveling Wilburys, supergrupo formado também por Bob Dylan, George Harrison, Tom Petty e Jeff Lynne. Ou seja, fazendo o que mais gostava.

Roy Orbison - Only the Lonely