17 de julho de 2009

Frevo na ladeira

Desde o mangue beat, Pernambuco tem sido um terreno fértil de música pop aliada a elementos tradicionais. Uma prova da vitalidade deste cenário é o álbum de estreia da Orquestra Contemporânea de Olinda, banda surgida em 2006 e que reinventa o frevo com base em instrumentos pouco usuais.

Com uma formação gigantesca - 12 integrantes -, a banda apresenta um verdadeiro laboratório rítimo surgido na ladeira do Centro Histórico de Olinda. Entre grooves latinos, afro beats e ritmos pernambucanos, a OCO constrói uma identidade própria e concisa, reforçada pelo vocal potente de Tiné e pelo naipe de metais. Há tempo não surgia algo tão original.





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Pearl Jam anuncia novo álbum

Das quatro grandes bandas surgidas em Seattle no início dos anos 1990, o Pearl Jam é a única que ainda merece menção. O Soundgarden foi dissolvido pelas brigas internas, enquanto que tragédias pessoais abreviaram a carreira do Nirvana e relegaram o Alice in Chains ao ostracismo.

Para Eddie Vedder e companhia, o risco é a repetição de uma fórmula já executada à exaustão, o que parece nunca ter preocupado os fãs – haja vista a expectativa em torno do seu nono álbum. Backspacer, que deve ser lançado em setembro, retoma a parceria com o produtor Brendan O’Brien, responsável pelos trabalhos da banda entre 1993 e 1998.

A curiosidade do público poderá ser saciada no dia 24 de agosto, data prevista para o lançamento do primeiro single, The Fixer. No último álbum, gravado há três anos, as letras antiguerra e contra o presidente George W. Bush deram o tom. Será que desta vez haverá alusão ao Obama? Em agosto saberemos.

14 de julho de 2009

Rock na Univates


Como forma de homenagear o Dia Mundial do Rock, comemorado em 13 de julho, a Univates realiza até este sábado uma exposição sobre o tema. O público pode conferir textos, fotos e discos de vinil no subsolo do Prédio 4. A mostra, aberta a toda a comunidade, conta com material dos anos 1950 e 1960. (foto: Tuane Eggers)

13 de julho de 2009

O Live Aid e o Dia do Rock

O rock and roll já era um trintão bem-sucedido quando finalmente ganhou uma data especial. Três décadas após um caminhoneiro chamado Elvis Presley chacoalhar os quadris na TV, e muito depois de Chuck Berry cantar sobre um certo Jonny B. Good, aconteceu aquele que ainda hoje é considerado o maior show da história. Reunidos na Filadélfia (EUA) e em Londres (Inglaterra), no dia 13 de junho de 1985, astros como Paul McCartney, The Who, U2, Rolling Stones, David Bowie, Queen, Beach Boys e muitos outros cantaram contra a miséria no Live Aid, festival organizado pelo músico inglês Bob Geldof. Por esse motivo, o Dia do Rock é comemorado hoje.

Como se não bastasse essa reunião de craques da música, o Live Aid ainda marcou a reunião dos três membros vivos do Led Zeppelin: Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones, com direito a Phil Collins na bateria. Outra banda clássica a reunir-se na ocasião foi o Crosby, Stills, Nash & Young. O Live Aid contabilizou a doação de 283 milhões de dólares, em prol dos famintos da Etiópia. Houve, contudo, quem visse a ação como uma jogada de marketing. Uma banda chamada Chumbawamba lançou uma gravação intitulada Fotos de Crianças Famintas Vendem Discos, reagindo com cinismo ao famoso festival. Há alguns anos surgiram denúncias de que boa parte do dinheiro arrecadado teria sido desviado.

Seja como for, Long Live Rock and Roll!

8 de julho de 2009

A nova do Arctic Monkeys

Crying Lightning é o primeiro single de Humbug, terceiro álbum do Arctic Monkeys. A música foi lançada nesta semana durante o programa Zane Lowe, da BBC Radio 1. Está disponível para download pago no iTunes. O lançamento do CD está previsto para o dia 24 de agosto.

Produzido por Josh Homme (do Queens of the Stone Age), este é um dos discos mais aguardados de 2009. Sucessor de Whatever People Say I Am, That's What I Am Not (2006) e Favourite Worst Nightmare (2007), Humbug sairá em CD, vinil e versão digital. A capa (acima) já é conhecida.


6 de julho de 2009

Dez anos sem Mark Sandman

Rock e guitarra tornaram-se indissociáveis desde que Chuck Berry tocou as primeiras notas há mais de 50 anos. De lá para cá o maior fenômeno cultural da história sempre esteve ligado ao instrumento, cuja sensação de poder assemelha-se a um soldado que empunha uma metralhadora na guerra. Houve quem pensasse diferente.

Não é por acaso que, depois daquele 3 de julho de 1999, nada de muito inovador tenha surgido no rock. Há dez anos morreu Mark Sandman, o líder do Morphine. A banda, formada em Cambrigde (EUA), destacou-se na década passada pela mistura de rock e jazz, tendo lançado cinco discos de estúdio. Detalhe: sem guitarra, uma vez que o grupo era formado apenas por baixo (de duas cordas), saxofone e bateria.

Com esse formato, o Morphine atingiu uma sonoridade única, inconfundível. As linhas de baixo hipnóticas, o sax cadenciado e a voz grave de Sandman deram luz à rara originalidade da banda, dissolvida quando o vocalista caiu morto na cidade italiana de Palestrina, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Tinha 46 anos.

5 de julho de 2009

Eternos indies

Basta ouvir os 50 segundos iniciais de The Eternal para ter certeza de uma coisa: o Sonic Youth não envelhece. Seja qual for a mágica que mantém sexy a voz de Kim Gordon – um bálsamo quando em contato com as guitarras noise de Thurston Moore e Lee Ranaldo –, a fusão de indie, punk e experimentalismo dos nova-iorquinos repete o êxito cada vez que eles entram no estúdio. Foi assim com o 16º álbum da carreira.

Representantes da vanguarda do rock há três décadas, o Sonic Youth continua dando aos seus fãs o que eles querem. Ou seja, melodias insinuantes e guitarras “sujas”, com frequência acrescidas de distorções. Desta vez, as músicas ganham como ingrediente referências culturais interessantes.

A ex-modelo alemã Uschi Obermeier, famosa pelo ativismo sexual e político nos anos 1960, é a “homenageada” em Anti-Orgasm, um dos destaques do álbum. Sacred Trickster é dedicada ao pintor francês Yves Klein e ao artista americano Noise Nomads, enquanto Leaky Lifebot paga tributo ao escritor beatnik Gregory Corso.

The Eternal está, na pior das hipóteses, no mesmo nível de Rather Ripped (2006), elogiadíssimo disco anterior. Ninguém jamais manteve uma carreira tão regular por tanto tempo. Impossível adivinhar qual o limite para uma banda que está na estrada há quase 30 anos e se supera a cada álbum.

Ouça Sacred Trickster aqui

3 de julho de 2009

Lóki em cartaz

Longe dos Mutantes e tendo terminado o romance com Rita Lee, Arnaldo Baptista lançou Lóki? em 1974. O disco triste e intimista, hoje considerado um clássico incompreendido, era o prenúncio do que ocorreria alguns anos mais tarde. Ao cair do terceiro andar de um hospital, em 1982, Arnaldo flertou com a morte. E sobreviveu.

O documentário Loki, produzido pelo Canal Brasil, levou às telas do cinema a vida intensa do maior gênio do rock nacional. À frente dos Mutantes, Arnaldo mergulhou na psicodelia dos anos 1960 e deu um toque brasileiro ao rock da época. Misturou guitarras com ritmos regionais, trouxe irreverência à música e sumiu de repente, da mesma forma que apareceu meteórico ao lado de Rita e do irmão Sérgio Dias.

Foi resgatado do ostracismo nos anos 1990 graças à devoção de fãs ilustres, como Kurt Cobain e Sean Lennon. Há dois anos, participou da reunião dos Mutantes, banda hoje comandada sem o mesmo carisma por Serginho. Com o documentário recém-lançado, o Brasil ganha mais uma chance de fazer justiça a um de seus maiores gênios.