O mais legal na obra de Raul Seixas é que sempre há uma novidade a ser descoberta. Sem contar as músicas inéditas, a vasta discografia do baiano contém experiências que vão muito além do rock e ainda estão por ser reconhecidas pelo grande público. Num destes casos, ele antecipou sua capacidade de misturar ritmos em um disco esquecido que ganhou status de cult.
Abandonado à própria sorte desde a sua gravação, em 1971, o álbum A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez encontra-se no ostracismo até hoje (embora tenha sido relançado em CD, em edições difíceis de serem achadas). Nas 12 faixas em que Raulzito divide os vocais com Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star, tem marchinha de carnaval, guarânia, embolada e, claro, rock – culminando numa anarquia musical que daria o tom da carreira solo do cantor.
O fracasso comercial de Raulzito e os Panteras, disco lançado em 1968, fez com que o músico abandonasse sua tentativa de jovem guarda barroca. Três anos mais tarde, nos estúdios da CBS no Rio de Janeiro, o então produtor musical Raul Seixas uniu-se aos seus novos parceiros (diz a lenda, às escondidas) para gravar uma espécie de versão escrachada do álbum Tropicália (1968). Cada cantor interpretou duas canções, sendo que Raul e Sérgio cantaram juntos outras três. A dupla assina todas as composições.
Sessão das Dez teve o mesmo destino que o LP anterior de Raulzito, mas dois anos depois, com o lançamento de Krig-Ha, Bandolo, o país finalmente reconheceria o talento de seu maior roqueiro. Ficou o legado de uma turma que, mesmo sem a fama, faziam da música sua maior diversão.
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