22 de dezembro de 2008

Uma homenagem à altura da bossa

Entre todas as homenagens ao cinqüentenário da bossa nova, nenhuma soou tão espontânea quanto o último disco de Tom Zé. Em Estudando a Bossa, o baiano aparece cercado de um time de 12 cantoras (entre elas Fernanda Takai, Zélia Duncan e Badi Assad), além do americano David Byrne. Há tempos um álbum do compositor não soava tão assoviável.

O alvo principal da homenagem é um conterrâneo seu que tem fama de chato e canta baixinho. Aliás, para Tom Zé, foi João Gilberto quem criou o estilo com o disco Chega de Saudade, lançado em 1959 – embora as comemorações pelos 50 anos da bossa tenham como ponto de partida o lançamento de Canção do Amor Demais, de Elizete Cardoso, em 1958.

“O biscoito da Cardoso foi divino, foi gostoso, mas era um samba-canção lindo e nunca passou disso não”, canta Tom Zé na sugestiva João nos Tribunais. “Mas quatro meses depois”, prossegue, “João gravou com a levada a voz no jogo sincopado, o violão todo abusado”. E em seguida, completa: “E nasceu a bossa nova”. Em Síncope Jãobim, a história se repete: “No Brasil reinava então o doutor samba-canção, foi quando apareceu o cara do bim-bom”.

Sobram referências a Jobim, Menescal, Nara, Beatles (Roquenrol, Bim-Bom) e até aos jornalistas Zuza Homem de Mello e Tárik de Souza. Enfim, Tom Zé buscou inspiração na história para gravar um dos seus melhores trabalhos em muitos anos. Coincidência ou não, faz exatos 40 anos que o compositor lançou o seu primeiro e extraordinário LP – uma efeméride que passou despercebida frente à genialidade de seu mais recente disco.

Nenhum comentário: