8 de dezembro de 2008

De musa indie a diva do soul

Ela ficou de fora da lista elaborada pela NME com as mulheres mais “cool” da música pop em 2008 – o que mereceu protestos do blogueiro Kid Vinil. E, como se desse uma resposta à indiferença do semanário inglês, Chan Marshall lança no fim do ano uma obra sofisticada e à altura das grandes divas da música.

Não é a toa que duas das seis faixas de Dark End of the Street, novo EP de Cat Power, codinome da cantora, foram tiradas do repertório de Aretha Franklin. O clássico soul que dá nome ao disco, por sinal, recebeu uma interpretação sombria e de arrepiar, bem ao estilo da musa indie – que flerta com a música negra desde 2006, quando lançou o aclamado The Greatest, com a participação de Al Green.

O namoro com o som “da alma” continua em I’ve Been Loving You Too Long (To Stop Now), de Otis Redding, um dos momentos mais emocionantes desta pequena pérola. Até o Creedence Clearwater Revival recebeu tratamento especial na voz da cantora, com a regravação da canção de protesto Fortunate Son, que Chan canta com um desleixo tentador.

Completam o disco – que deve ser lançado oficialmente amanhã, pela Matador – as músicas Ye Auld Triangle (The Pogues), Who Knows Where The Time Goes (Sandy Denny / Fairport Convention) e It Ain’t Fair (Aretha Franklin). Mas, convenhamos, chamar de EP de covers é uma leviandade. Com sua voz arrastada e arranjos sofisticados, Cat Power deu nova vida a canções imortais. Se isso não é ser “cool”, então o que será?

Cat Power - Dark End of the Street

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