18 de novembro de 2008

Senhor psicodélico

Brian Wilson é um artista emblemático. Nos anos 1960, à frente dos Beach Boys, criou Pet Sounds (1966), um dos melhores discos da música contemporânea. Depois, levou 37 anos para concluir a edição final do sucessor, Smile (2004). Agora, após superar problemas mentais e anos de ostracismo, lançou um CD coeso e vibrante – ao contrário dos seus colegas de geração. E já faz planos para o próximo álbum!

A atmosfera criada em That Lucky Old Sun remete à época em que Brian Wilson, hoje um senhor de 66 anos, era um garotão bronzeado na ensolarada Califórnia (o título de Forever My Surfer Girl não é por acaso). O resultado pode não garantir novos fãs, mas acertará em cheio quem já fez planos de amor ao som de Wouldn’t It Be Nice. Experimente ficar imune ao refrão de Mexican Girl, onde o backing vocal característico lembra a grande obra-prima sessentista.

Não fosse pelo refrão moderninho de Morning Beat (ótima, por sinal), podia-se jurar que That Lucky Old Sun foi gravado entre 1965 e 1967. Good Kind of Love, canção pop perfeita, lembra o tempo em que a música era inocente. Datado? No momento em que as bandas mais badaladas apostam no retrô – não apenas musicalmente –, seria injusto condenar quem deu origem a tudo isso. Em resumo: Brian Wilson lançou a pérola psicodélica do ano.

Repleto de faixas narrativas, That Lucky Old Sun é um disco conceitual sobre a infância do artista, conforme ele próprio anunciou. Com título que remete a uma antiga canção folk, foi gravado no estúdio da Capitol em Hollywood. Foi lá que, em 1962, os Beach Boys deram os primeiros passos. Qualquer semelhança com sua antiga banda, portanto, não é mera coincidência.

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