“Modernizar o passado é uma evolução musical.” Nunca uma vinheta foi tão significativa no rock nacional. Mais do que uma simples faixa de abertura, Monólogo ao Pé do Ouvido introduzia ao ouvinte a proposta estética-política do manguebeat – movimento surgido em Recife nos anos 1990. Quinze anos após o seu lançamento, Da Lama ao Caos, álbum de estreia de Chico Science & Nação Zumbi, continua representando o que houve de melhor no rock brazuca das últimas duas décadas.
Assim como o mangue – biologicamente o ecossistema mais rico do planeta –, o disco era uma profusão de ritmos que pegou de surpresa público e crítica, colocando Pernambuco em destaque no cenário musical. A mistura de rock, samba, hip hop e maracatu, com percussão em vez de bateria, trouxe uma sonoridade original como há muito não se ouvia. Intercaladas entre samples, tambores e guitarras estavam as letras politizadas de Chico Science, morto em 1997, que transformou-se no porta-voz de uma geração até então pouco ouvida.
Quinze anos depois, Da Lama ao Caos ainda ecoa por meio da melhor banda nacional da atualidade, a Nação Zumbi. Não por acaso, do Recife sairiam alguns dos principais nomes do pop rock brasileiro, como Mundo Livre S/A, Mombojó e Cordel do Fogo Encantado.
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