Rory Gallagher é um exemplo típico de o que o álcool pode fazer com um artista talentoso. Solitário, morreu em 1995, aos 47 anos, em decorrência de uma operação para um transplante de fígado. Se tivesse morrido 20 anos antes, talvez Rory fosse endeusado. Mas como partiu na época errada, seu falecimento mereceu não mais do que pequenas notas de rodapé de alguns jornais. Enquanto viveu, foi um guitarrista incendiário – e um verdadeiro gentleman, segundo seus amigos. A maior prova do seu talento está no álbum Deuce (1971), tido por muitos como o ponto alto da sua discografia.O guitarrista adorava fazer shows. “Também gosto de gravar, mas preciso de um contato freqüente com o público. Isso me dá energia”, disse, certa vez. Foi com esse espírito que Rory entrou no Tangerine Studios, em Londres, para gravar Deuce. A intenção era fazer algo que se aproximasse o máximo da sonoridade de uma apresentação ao vivo. Isso explica a equalização tanto da guitarra como da voz usada em faixas como Used to Be, In Your Town e Should’ve Learnt My Lesson. Mas, se por um lado a Fender Strato era a marca registrada do músico, por outro, a sonoridade acústica lhe caía como uma luva, como é possível perceber na ótima faixa de abertura, I’m Not Awake Yet (sobre a correria que é a vida de músico), no folk de Out of my Mind e em Don’t Know Where I’m Going.
Ao lado de sua melhor banda, com Gerry McAvoy no baixo e Wilgar Campbell na bateria, Rory mostra porque foi um dos grandes guitarristas de sua época. Em 1971, era um novato (tinha 22 anos) entre os já consagrados Eric Clapton e Jeff Beck. O blues estava sendo tomado por cabeludos branquelos, e foi aí que Gallgher encontrou o seu espaço. Basta ver que, além do folk (Out of my Mind) e do rock (Persuasion, faixa-bônus da versão em CD), Deuce é repleto do blues de alta qualidade, como In Your Town e Should’ve Learnt My Lesson.Nascido na pequena cidade de Ballyshannon (5 mil habitantes, a maioria na zona rural), no Ulster (Irlanda), Rory é até hoje uma espécie de Deus na terra natal. Todos os anos, milhares de fãs organizam um festival nessa cidadezinha, que neste ano será realizado de 31 de maio a 3 de junho. Além de sua importância como guitarrista, Rory é apontado como o homem que impulsionou o rock irlandês. Ainda hoje, fãs discutem quem teria sido o maior guitar hero da Irlanda – ele ou Gary Moore (Thin Lizzy).
Precoce e autodidata, Gallagher ganhou sua primeira guitarra aos nove anos. Aos 15, comprou uma Fender Stratocaster modelo 1961. Em 1966, formou a banda Taste com um grupo de amigos, que o impulsionaria para o estrelato anos mais tarde. O jovem Rory nem imaginava, na época, que sua música e sua personalidade seriam motivo de culto no século XXI. Se imaginasse, reagiria com simplicidade, sem estrelismos. “Ele foi um homem sensível e um grande músico”, definiu The Edge, do U2, um dos maiores fãs do guitarrista.

O cantor e compositor Zé Geraldo lançou o cd Catadô de Bromélias, o 16º de sua carreira, pelo seu próprio selo Sol do Meio-Dia, com distribuição Unimar Music. O álbum conta com 10 faixas inéditas sendo uma, Na Barra do seu, em parceria com Zeca Baleiro e Ultima Reza, de sua filha, também cantora e compositora, Nô Stopa. Além de trazer uma versão de um clássico de Bob Dylan, um dos grandes ídolos de Zé, Mr. Tambourine Man.




