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31 de maio de 2009

Bossa nova pré-reinado – RC 50 anos (parte I)

A onda em 1959 era cantar bossa nova. O Brasil que ainda comemorava o primeiro título mundial e surfava no otimismo dos anos JK viu nascer com assombro um novo ritmo do violão de João Gilberto. Nesta época, o futuro Rei era um crooner desacreditado e de pouco prestígio no Rio de Janeiro.

Não por coincidência, a bossa nova e Roberto Carlos completam 50 anos de sucesso em 2009. Foi inspirado no embalo então recém-surgido que o cantor começou a carreira, esmerando-se num “fiozinho de voz” para imitar Gilberto. Na época, ganhava nove cruzeiros por noite cantando de terça-feira a domingo em Copacabana.

Foi neste ano que Roberto gravou o primeiro compacto pela Polydor, com as músicas João e Maria e Fora do Tom. A segunda, aliás, resume bem como ia a sua carreira naquele momento. E não apenas pelo título. Convenhamos que falar em desafinação e “peixinhos” após a estreia de JG, no mesmo ano, não era tão original.
Se nos 50 anos de carreira RC e seus fãs têm motivos de sobre para comemorar, certamente este primeiro compacto não está entre eles. Foi um fracasso comercial. As duas composições, assinadas por Carlos Imperial, eram fracas e renderam ao futuro Rei um período sem pisar no estúdio. O lançamento seguinte, Louco Por Você, só ocorreria dois anos depois.

Pelo bem ou pelo mal, João e Maria/Fora do Tom é o ponto de partida para uma das carreiras mais brilhantes da música brasileira. Por isto 2009 é um ano de festa. As comemorações pelos 50 anos nos palcos começaram em abril com uma apresentação histórica na cidade natal do cantor, Cachoeiro do Itapemirim (ES).

A turnê do cinquentenário percorre 20 cidades brasileiras. No repertório, por motivos óbvios, não há nem João e Maria, nem Fora do Tom. Felizmente, o Rei viria a descobrir o seu caminho longe da bossa nova. Afinal, João Gilberto só existe um. Roberto Carlos também.

3 de maio de 2008

"Gringo burro!"

A aparente harmonia entre João Gilberto e Stan Getz no disco Getz/Gilberto (1964) esteve restrita à musicalidade de ambos. Na última edição da revista Brasileiros, reportagem escrita por Ruy Castro revela o que João achava do sax tenor americano, com quem gravou aquele que é considerado o maior disco de bossa nova de todos os tempos:

"De relax, a gravação de Getz/Gilberto teve pouco ou nada. João Gilberto não se satisfazia com a emissão de Getz, que achava muito enfática para a bossa nova. Por isso, a todo instante interrompia a gravação, para obrigá-lo a começar de novo. Getz não entendia e João dizia entre dentes para (Tom) Jobim, como que mastigasse as sílabas:

'Tom, diga a ese gringo que ele é muito burro.' O americano perguntava a Tom o que João dissera, e Tom botava panos quentes: 'Ele está dizendo que é uma honra gravar com você.' 'Engraçado', resmungava Getz, 'pelo tom de voz não parece ser isso que ele disse.'" (pg. 57)


Veja o clip de Corcovado, do álbum Getz/Gilberto, cantada por Astrud Gilberto: