
Quem realmente representa o rock and roll: o gel no cabelo de Rogério Flausino ou o precursor que chegou a sofrer represálias da sociedade conservadora dos anos 1960 por supostamente incitar os jovens à rebeldia? O sorriso desconcertado de Roberto ao ouvir Flausino disse tudo. Ele já está acostumado a lidar com imitadores.
Voltemos ao ano de 1968. O cantor Paulo Sérgio havia feito um sucesso enorme com a balada “A Última Canção”. Capixaba como o Rei, possuía um timbre de voz muito parecido. A pecha de imitador lhe acompanhou até a sua morte, em 1980. Por acaso ou não, seu maior sucesso é de autoria de um compositor chamado Carlos Roberto. Sem contar a semelhança com o hit “Nossa Canção”, de Roberto. O Rei queria mostrar que Paulo Sérgio (assim como outros cantores da época), por mais que fosse um intérprete talentoso, não chegava aos seus pés. O recado veio no título de um dos seus discos mais importantes: O Inimitável.

Acompanhado pelo RC 7 e por Renato e Seus Blue Caps, Roberto viaja pelo soul e começa a delinear o estilo que percorreria até 1972. Durante este período, os arranjos ficaram mais elaborados e as letras tornaram-se cada vez mais pessoais, tratando de temas como religião e família.
O processo de gravação de O Inimitável é cercado de curiosidades. Trata-se de um dos poucos discos de RC que possuem um título. Como as vendas ficaram abaixo do esperado, Roberto teria optado por não batizar os LPs seguintes, hábito mantido até 2000, quando lançou Amor Sem Limite. Outro fato curioso é a não identificação da banda de apoio no LP original. O nome dos músicos só foi aparecer no relançamento em CD, em 2004, mas ainda assim sem especificar a formação em cada música.
Como se vê, o clássico disco de 1968 é um exemplo de que não é de hoje que o Rei está acostumado a conviver com o oportunismo de artistas com menor categoria.
Texto publicado em 2006 no antigo Leitura Musical
Um comentário:
Grande clássico do Rei esse disco e quanto a cena do Flausino, eu fico envergonhado por ele.
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