
O guitarrista adorava fazer shows. “Também gosto de gravar, mas preciso de um contato freqüente com o público. Isso me dá energia”, disse, certa vez. Foi com esse espírito que Rory entrou no Tangerine Studios, em Londres, para gravar Deuce. A intenção era fazer algo que se aproximasse o máximo da sonoridade de uma apresentação ao vivo. Isso explica a equalização tanto da guitarra como da voz usada em faixas como Used to Be, In Your Town e Should’ve Learnt My Lesson. Mas, se por um lado a Fender Strato era a marca registrada do músico, por outro, a sonoridade acústica lhe caía como uma luva, como é possível perceber na ótima faixa de abertura, I’m Not Awake Yet (sobre a correria que é a vida de músico), no folk de Out of my Mind e em Don’t Know Where I’m Going.

Nascido na pequena cidade de Ballyshannon (5 mil habitantes, a maioria na zona rural), no Ulster (Irlanda), Rory é até hoje uma espécie de Deus na terra natal. Todos os anos, milhares de fãs organizam um festival nessa cidadezinha, que neste ano será realizado de 31 de maio a 3 de junho. Além de sua importância como guitarrista, Rory é apontado como o homem que impulsionou o rock irlandês. Ainda hoje, fãs discutem quem teria sido o maior guitar hero da Irlanda – ele ou Gary Moore (Thin Lizzy).
Precoce e autodidata, Gallagher ganhou sua primeira guitarra aos nove anos. Aos 15, comprou uma Fender Stratocaster modelo 1961. Em 1966, formou a banda Taste com um grupo de amigos, que o impulsionaria para o estrelato anos mais tarde. O jovem Rory nem imaginava, na época, que sua música e sua personalidade seriam motivo de culto no século XXI. Se imaginasse, reagiria com simplicidade, sem estrelismos. “Ele foi um homem sensível e um grande músico”, definiu The Edge, do U2, um dos maiores fãs do guitarrista.