Quando
XTRMNTR foi lançado, em 2000, o Primal Scream voltou a ocupar as listas de melhores do ano após um longo jejum. Meses depois, a mídia especializada considerava o disco datado e ultrapassado. No seu mais recente trabalho,
Beautiful Future, Bobby Gillespie e companhia parecem ter levado a sério a idéia de soar repetitivo. Lançado na semana passada, o álbum copia fórmulas já esgotadas e chateia os fãs, ansiosos pelo
groove que deu fama aos escoceses.
A coisa começa morna com
Beautiful Future, esquenta em
Can’t Go Back (o primeiro single), mas logo
Uptown, cuja única palavra é o título, repetido à exaustão, põe tudo a perder.
The Glory of Love lembra The Cure, mas também não empolga.
Beautiful Summer comprova uma tendência do álbum, a de abusar da repetição. O
groove de
Zombie Man é a primeira lembrança do Primal Scream dos velhos tempos. A baladinha
Over and Over mostra outro lampejo de inspiração da banda que nos anos 90 juntou rave e Rolling Stones no mesmo pacote.
Necro Hex Blues remete (finalmente) aos melhores momentos de
XTRMNTR (com participação de Josh Homme, do Queens of the Stone Age). Mas já é tarde.
O resultado final chega próximo ao razoável, muito pouco para uma banda que tem no currículo discos como
Screamadelica (1991) e
Give Out But Don’t Give Up (1994). Nem o toque brasileiro salva o álbum. Lovefoxxx, vocalista do Cansei de Ser Sexy, divide os vocais com Gillespie na pouco inspirada
I Love to Hurt (You Love to Be Hurt). Mesmo os fãs mais ardorosos devem concordar que a carreira do Primal Scream é irregular. Mas, tivesse seguido o caminho do seu antecessor,
Rock City Blues (2006) poderia pelo menos soar mais pop.
Entre as críticas que já circulam na rede desde o lançamento, há quem considere este o pior momento da discografia do Primal Scream. O próprio Gillespie, 46 anos, parece conformado. O mentor da banda classificou
Beautiful Future como um “chiclete com lâminas de barbear”. Portanto, convém mastigar com cuidado.