8 de outubro de 2011

The Queen of Blues

É como diz a Claudete Troiano: a pessoa faz sucesso e, quando morre, sai só uma notinha...

Eis Koko Taylor, a "Rainha do Blues".

Em 1965, gravou "Wang dang doodle", música de Willie Dixon, pela Chess Records. A música alcançou a venda de um milhão de cópias e tornou-se o grande sucesso da sua carreira.

Koko Taylor morreu em junho de 2009, aos 80 anos, após complicações em uma cirurgia para sangramento gastrintestinal.

Para ouvir sem contraindicações.

15 de março de 2010

Música de programa


O blog e o livro de Bruna Surfistinha disseminaram a literatura das prostitutas, embora a prostituição da literatura já tenha sido iniciada há muitos anos. Na música, porém, o espaço ocupado pelas prostitutas precede a vulgarização da arte. Muito antes da Surfistinha ir à luta, Zé Ramalho e Tom Waits já cantavam as agruras de ganhar dinheiro fácil e da vida dura (sem trocadilhos) de quem vende o próprio corpo. Para outros, os cabarés eram apenas diversão, como para Bob Dylan no clássico álbum Highway 61 Revisited. Há ainda aqueles que foram pela primeira vez no bordel, apaixonaram-se, e tentaram a todo custo dar uma nova vida à moça.

Quê importa que seja apenas um simulacro do amor? O importante é que nossos ídolos se lembraram de registrar essas experiências (nem sempre bem sucedidas) em forma de canção.

Juts Like Tom Thumb’s Blues, Bob Dylan – E tudo começa com o mestre. Presente em Highway 61 Revisited, um dos melhores álbuns da história, essa música não é das mais conhecidas, embora seja a preferida de muitos fãs (incluindo o autor deste blog). Dylan apresenta suas garotas com mais precisão do que um catálogo de modelos. E dá uma grande dica para quem, casualmente, encontrar-se perdido na Páscoa de Juarez: “Não se faça de arrogante quando estiver na Rue Morgue Avenue, eles têm mulheres famintas lá e elas farão um estrago com você”.

Roxanne, The Police – Talvez a prostituta mais famosa da música pop. Esse é um dos maiores hits de Sting e companhia. “Eu te amei desde que conheci você (...), eu não dividirei você com outro garoto.” Pobre Sting...

Garoto de Aluguel, Zé Ramalho – Aqui, quem canta é quem vende o corpo. Ou melhor, empresta, como ela(e)s gostam de dizer (e por pouco tempo). Missão fácil para Zé Ramalho, que ao chegar do Norte com uma mão na frente e outra atrás, teve de se virar (e não é no bom sentido) como pôde na cidade grande.

I’m Your Late Night Evening Prostitute, Tom Waits – Mais um que tentou mostrar o outro lado da história. Nessa balada melancólica, o bardo é direto e sem meias palavras: “Tive que estar aqui às 8 e vou ficar até às 2, tentarei o meu melhor para entreter você”.

When the Sun Goes Down, Arctic Monkeys – Destaque de um disco surpreendente, essa foi a melhor canção do ano passado. O tema pode até estar manjado em pleno ano de 2006, quando programas são agendados pela internet e sites exibem “test drives” das garotas. Mas os ingleses que são a sensação do momento o fizeram de forma tão displicente que fica impossível não se apaixonar pela música.

Vou Tirar Você Desse Lugar, Odair José – Clássico absoluto. Conta a velha história do homem que se apaixona por uma garota de programa e tenta convencê-la a mudar de vida, embora saiba que o passado pode estar sempre por perto. Somente Odair José poderia abordar a questão com tanta sensibilidade. Foi regravada por Paulo Miklos e Los Hermanos.

Damas da Noite, Wander Wildner – O punk brega traça um perfil não muito glamouroso da noite porto-alegrense, tendo como base a avenida Oswaldo Aranha, reduto de prostitutas, travestis e mau elementos. “Eu vejo mulheres, na chuva da noite, entregando seus corpos pra qualquer um, a velhos e gordos mais podres que a noite.” Uma homenagem sincera às mulheres que admiramos.

11 de dezembro de 2009

London Calling: clássico punk


A capa de London Calling, lançado há 30 anos, demonstrava as intenções do The Clash. O baixista Paul Simonon aparece quebrando o seu instrumento, numa atitude extremamente punk. O layout, no entanto, lembra os primórdios do rock com o desenho baseado em disco de Elvis Presley. Mais do que um ícone do movimento surgido em 1977, London Calling – o testamento definitivo do The Clash – era uma mistura de ritmos.

Para comemorar os 30 anos do seu lançamento, uma edição especial está sendo preparada. O disco virá acompanhado de uma boa quantidade de material extra em DVD, entre eles um documentário com depoimentos, registros de apresentações e imagens captadas durante a gravação. O disco já havia sido relançado em 2004 devido ao aniversário de 25 anos. Mas, em se tratando de um clássico dessa natureza, uma nova edição sempre cai bem.

O grande mérito de London Calling foi mostrar que o punk poderia ir muito além dos três acordes. A banda inglesa ataca de reggae, ska, pop, rockabilly e R&B – sem fazer com que as letras perdessem o cunho político. É uma dessas raras obras que capta o espírito de uma época.

9 de dezembro de 2009

Festa de arromba nos Dick

Por motivos diferentes, Wanderléa e Vanusa voltaram à mídia recentemente. A primeira emplacou uma música - Te Amo - na trilha sonora da nova Caras e Bocas. A segunda foi filmada trocando a letra do Hino Nacional, em vídeio que virou hit na internet. Nesta quinta-feira as duas apresentam sucessos da Jovem Guarda em show gratuito no Parque Theobaldo Dick, Lajeado. O show Natal dos anos 60 conta ainda com a participação do cantor Wanderley Cardoso.

Wanderléa, a eterna Ternurinha, é uma das mais populares cantoras do Brasil. Mineira de Governador Valadares, atuou junto com o Rei Roberto Carlos e Erasmo Carlos, e se tornou a Rainha da Jovem Guarda. É uma das mais respeitadas vozes da música brasileira e no palco vai relembrar ícones da música, como Pare o Casamento.

Vanusa reserva para o show músicas de início de carreira e inesquecíveis para os fãs, como Manhãs de Setembro e Pra Nunca Mais Chorar. Ao longo de sua carreira, gravou 23 discos e vendeu mais de um milhão de cópias. O seu último trabalho, Hino de Amor, apresenta uma seleção de regravações e músicas inéditas, como “Artista Eu” e “Começando pelo Fim”.

A presença masculina no palco será garantida com Wanderlei Cardoso. Ele lançou muitos hits, mas O Bom Rapaz, gravado em 1968, é o maior sucesso, já tendo sido vendidas mais de quatro milhões de cópias.

7 de dezembro de 2009

Cobain vive

Kurt Cobain continua tão presente no cenário pop que nem parece que o seu suicídio ocorreu em 1994. Quinze anos depois, uma série de lançamentos resgata a trajetória da banda mais influente das últimas duas décadas e de seu líder.

O álbum de estreia do Nirvana, Bleach (1989), foi relançado com um CD bônus incluindo uma performance inédita ao vivo da banda e uma embalagem especial. Gravado em apenas três sessões, mostra o rock ainda cru de uma banda então pouco conhecida – inicialmente vendeu apenas seis mil cópias. Outro lançamento interessante para os fãs, que há muito aguardavam por registros ao vivo do Nirvana, é o recém-lançado Live at Reading. O show foi gravado no famoso festival realizado em 1992 e mostra uma banda no auge da forma e do sucesso.

Para quem pretende saber mais sobre a personalidade enigmática do líder do Nirvana, o livro Cobain dos Editores da Rolling Stone é uma opção. A obra, recém-lançada, traz uma compilação de artigos e entrevistas publicadas na revista americana. A demanda e o sucesso destes lançamentos mostram que sempre há espaço no mercado para obras póstumas – seja por mérito dos mortos ou demérito dos vivos.

28 de novembro de 2009

Velha novidade no rock

Se o som de uma banda nova chamada Them Crooked Vultures lhe parecer familiar demais, não se assuste: é provável que você já tenha ouvido milhares de vezes os mesmos músicos, porém com outro nome. Na onda dos supergrupos, Dave Grohl (do Foo Fighters e ex-Nirvana), Josh Homme (do Queens of the Stone Age) e John Paul Jones (do Led Zeppelin) uniram-se para lançar uma das (poucas) surpresas positivas deste fim de ano.

Com um pé no hard da década de 1970 e outro no stoner rock, o trio chega a um resultado que, obviamente, será comparado com os trabalhos anteriores de cada músico. Eles mesmos admitem. “Realmente soa como elementos dessas bandas esmagados juntos para criar este animal que não é nenhuma dessas coisas”, disse Josh Homme à revista Rolling Stone.

O álbum de estréia do trio, auto-intitulado, foi lançado na semana passada – apenas três meses depois do primeiro show que Homme, Jones e Grohl fizeram juntos. As músicas, no entanto, já estavam à disposição dos internautas, até porque a estratégia de divulgação incluiu vídeos da banda no YouTube. Se o projeto vai durar, não se sabe. O importante é que músicos consagrados estão fazendo o que mais sabem: rock.

24 de novembro de 2009

20 de novembro de 2009

Dylan ataca de Papai Noel

Dezembro está chegando e Bob Dylan, em clima de Natal, resolveu dar uma de Papai Noel. O recém-lançado álbum Christmas in the Heart traz uma série de canções natalinas gravadas no início do ano com a banda que o acompanha nos shows - produzido pelo próprio músico sob o pseudônimo de Jack Frost. O espírito natalino parece mesmo ter tomado conta do compositor, já que os royalties do álbum serão destinados a instituições de caridade.

Na última segunda-feira, Dylan estreou o vídeo da faixa Must Be Santa. É a primeira vez em mais de uma década que o cantor aparece em um clipe. A última havia sido no vídeo da música Not Dark Yet, do álbum Time Out of Mind (1997). Dylan participa dançando em uma festa de Natal com uma peruca.

Colunista anuncia McCartney no Brasil

Data: maio de 2010. Local: Estádio Engenhão, no Rio de Janeiro. Essas são as primeiras informações sobre o tão aguardado - e ainda não confirmado - show de Paul McCartney no Brasil. A notícia foi publicada na coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira dos Santos do jornal O Globo de ontem. O texto aponta o empresário Luiz Oscar Niemeyer como o responsável pela vinda do ex-Beatle ao país.

Boatos apontam a possibilidade de que Macca apresente-se também em Brasília, durante as comemorações pelos 50 anos da capital. McCartney, 67 anos, já tocou duas vezes no Brasil - a última em 1993. Por ora, o único ex-Beatle a pintar no Brasil foi Pete Best (quem?), que no último final de semana passou por Rio de Janeiro e São Paulo.

19 de novembro de 2009

Metallica confirma show em POA

Dada como certa há um mês, a vinda do Metallica a Porto Alegre foi confirmada hoje pelo site oficial do grupo. A banda de heavy metal mais popular do mundo virá à Capital gaúcha pela segunda vez no dia 28 de janeiro. O show ocorre no Estádio do São José, zona norte da cidade, com ingressos a venda para o público geral a partir do dia 3 de dezembro (www.ticketmaster.com.br). Os preços devem ficar entre R$ 120 e R$ 250.

A possível vinda do Metallica ao Brasil em 2010 era noticiada desde junho, graças a um comunicado divulgado pela Universal Music. O quarteto comemora o sucesso de Death Magnetic, álbum lançado em 2008 em clima de volta às origens. Elogiado por público e crítica, o disco apresenta uma sonoridade mais próxima ao heavy metal dos anos 1980 – quando a banda iniciou suas atividades. A obra teve mais de 30 mil cópias vendidas no Brasil.

Com um repertório vasto de clássicos desde Kill’em All (1983), o Metallica costuma mudar o setlist a cada apresentação. A ideia é mesclar músicas antigas e recentes. “Tenho notado que as coisas novas estão indo muito bem. As pessoas sabem as letras e tem sido bom tocá-las”, disse em entrevista recente o baixista Robert Trujillo. Resta aos fãs esperar – e entrar na fila para garantir o ingresso.

Domingo tem Festival de Bandas

O 7º Festival de Bandas da Univates ocorre domingo, às 15h, na concha acústica do Parque Professor Theobaldo Dick. O evento programado para o último fim de semana foi transferido por causa da previsão de chuva.

No palco estarão quatro bandas da categoria Ensino Médio e nove de Ensino Universitário.Na abertura do evento haverá show com lançamento do CD de Kako Xavier e Tribo Maçambiqueira. Às 16h começam as apresentações das bandas de Ensino Médio - Tensão Contínua, The Sam, Naippe e Krash - e de Ensino Universitário - Calça Justa, Quatro de Copas, Raiska, Efeito Contrário, Sob Demanda, Scarpan, Charanga, Astrolábios e Sigla N.

O show de encerramento será com o comunicador da Rádio Atlântida FM Everton Cunha, o “Mr. Pi”. Os três primeiros colocados em cada categoria receberão premiação em dinheiro, além de espaços em rádios para execução da música premiada.
foto: Rita de Cássia

17 de novembro de 2009

The Kinks em estúdio

Fãs do The Kinks aguardam desde o ano passado a reunião de uma das bandas inglesas mais cultuadas da história. Em entrevista recente à Billboard, o líder do grupo, Ray Davies (foto), revelou que entrou no estúdio com alguns de seus antigos colegas: o baterista Mick Avory, o baixista Jim Rodford e o tecladista Ian Gibbons. O álbum The Kinks Choral Collection, lançado por Davies em 2009, teria servido de inspiração para que o músico começasse a compor novamente para a banda.

"Temos quatro ou cinco canções novas e eu estou só motivando-os e vendo como estão tocando, porque eu não toquei com os Kinks por oito ou nove anos", revelou Davies. O último álbum do grupo, Phobia, foi lançado em 1993. Surgida na década de 1960, a banda não obteve o mesmo sucesso que o The Who ou os Rolling Stones - embora fosse tão ou mais genial que seus contemporâneos. Até hoje, no entanto, está entre os nomes mais influentes da geração que provocou a Invasão Britânica.

A nova maluquice de Skylab

O escracho continua o mesmo. A mistura de ritmos também. O que mudou no novo trabalho de Rogério Skylab foi o nome. A música do Skygirls surge da mescla de bossa nova, eletrônica e fragmentos reaproveitados, o que resulta num experimentalismo pouco assoviável. O que esperar de um artista que anuncia a própria morte em seu blog? É Skylab em sua essência - a fusão entre lirismo, trash, escatologia e humor negro num único ser.

Quando se fala de Skylab, esquisitice pouca é bobagem. O álbum de estreia do projeto foi lançado em um formado nada original: uma edição limitada de apenas cem unidades em CD. Quem não conseguir uma cópia pode se contentar com o download gratuito, pelo site do selo Psicotropicodelia Music. Além de Skylab (voz e composições), o Skygirls tem Voz Del Fuego (teclados e voz), Eliza Schinner (baixo), Thiago Martins (guitarra) e Bruno Coelho (bateria).

15 de novembro de 2009

14 de novembro de 2009

Dez anos sem a voz do morro

Zé Keti morreu assim como viveu - de forma tímida, silenciosa e sem grande espaço no noticiário. Há dez anos, de falência múltipla dos órgãos, o morro perdia a sua maior voz.

A timidez foi a responsável pelo apelido de José Flores de Jesus. Desde pequeno, o futuro sambista era chamado de Zé Quieto ou Zé Quietinho – até chegar à abreviação com a qual virou compositor. Zé Keti nasceu no Rio de Janeiro em 1921. Na década de 1940, começou a se destacar na ala de compositores da Portela, sua escola do coração. A carreira decolou em 1955 quando a música A Voz do Morro fez sucesso na trilha do filme Rio 40 Graus.

Com o surgimento da bossa nova, envolveu-se com músicos como Carlos Lyra e Nara Leão. A cantora participou ao lado de Zé Keti do espetáculo Opinião, que tornou famosas canções como Diz Que Fui Por Aí. Nos mais de 50 anos de samba, compôs canções inesquecíveis como Mascarada, Máscara Negra e Leviana.

Zé Keti notabilizou-se como uma autêntica voz do morro ao compor canções de crítica social, como Acender as Velas, Quatrocentos Anos de Favela e Opinião. Morreu aos 78 anos, no dia 14 de novembro de 1999.